29/10/2012 17h31 - Atualizado em 29/10/2012 19h38
De IPTU a secretariado.
Prefeito eleito fala sobre futuro de Salvador em entrevista; Confira
ACM Neto recebeu visita da imprensa em sua residência no bairro de Ondina
O prefeito eleito de Salvador, ACM Neto (DEM), recebeu visita da imprensa na tarde desta segunda-feira (29), quando, em entrevista coletiva, falou sobre assuntos relevantes ao futuro da cidade e à sua administração. De IPTU a secretariado, de A a Z, confira tudo que o novo prefeito falou em entrevista de 40 minutos ininterrupta com jornalistas. Confira abaixo:
Conversa com a presidente Dilma?
Vou procurar tanto o governador quanto a presidenta. A terceira maior cidade do Brasil tem a expectativa que seu prefeito tenha um diálogo cordial com o governo do estado e o governo federal. Anunciei isso durante a campanha e não foi com o objetivo de ganhar voto, mas por uma questão de responsabilidade política. Ontem acabou a eleição, acabou a disputa. Agora eu quero dar as mãos com todas as pessoas que querem ajudar a cidade de Salvador e, evidentemente, a ajuda do governador e da presidenta será muito importante e eu quero ter com os dois uma relação de trabalho em conjunto. Não vou ter nenhuma dificuldade de reconhecer tudo que for feito pela cidade tanto por um quanto por outro.
Nomes para o secretariado
É claro que eu tenho algumas pessoas em minha cabeça, mas vou aproveitar essa semana para fazer conversas e definir. Ainda estamos de certa forma na ressaca da eleição. Seria precipitado hoje já anunciar nomes. Eu quero dentro em breve poder anunciar os nomes de algumas pessoas que já estão na minha cabeça. Até dei risada porque hoje um jornal da cidade de Salvador, chamado Correio da Bahia, especulou coisas que não tem fundamento. Quem quiser tratar de nome, por enquanto, estará apenas especulando.
Meu plano, meu projeto é me dedicar integralmente à minha cidade. Eu não admito discutir futuro. Deixei claro e reforço que 2014, poxa, eu vou dizer uma coisa boa agora. Graças a Deus não vou ter que participar de uma eleição como candidato daqui a dois anos porque é muito desgastante. Eu participei de eleições consecutivas em 2006, 2008, 2010 e 2012. A quatro eleições venho disputando todos os processos. Em 10 anos são cinco eleições que disputo, então, agora tenho que governar a cidade e trabalhar por Salvador. Eleição só em 2016.
ACM voltou?
É uma pergunta natural. O grito das pessoas é um grito que emociona. Eu fiz questão ontem de homenagear o senador Antonio Carlos Magalhães, porque essa é uma vitória que eu tenho certeza que homenageia ele. Agora essa insistência da imprensa, de vocês, de discutir volta do carlismo, eu quero dizer claramente o seguinte: sempre tive orgulho da minha história, do meu passado, do senador ACM, ele continua sendo uma pessoa muito presente no coração dos baianos. Salvador reconhece muito o trabalho que ele fez. Eu quero depois dos quatro anos ter o reconhecimento que ele quando foi prefeito, que foi considerado o prefeito do século, agora, evidentemente, nós estamos em 2012 e não há porque falar do retorno carlista. Eu não vou fazer um governo personalista de forma nenhuma, vou fazer um governo com todos. Acho que pela primeira vez vou ter a oportunidade, inclusive, de afastar uma série de desconfianças, quebrar uma série de paradigmas com essa confiança que o povo de Salvador me deu. Então posso garantir a vocês que respeitando, preservando e valorizando o passado, o meu desejo é olhar pro futuro. Não vou fazer um governo que vá perseguir ninguém, não existe isso, pelo contrário, quero fazer um governo plural, pensando no futuro da cidade e ponto final.
Secretários serão técnicos ou políticos?
Você pode até ter quadros políticos desde que tenham qualificação técnica. Nós já demos demonstrações a Bahia dessa capacidade de conciliar as coisas. Nós vamos discutir com os partidos e eu quero que os partidos estejam presentes e representados. Eu vou aproveitar quadros dos partidos, mas a partir da qualificação e da capacidade de contribuir com a cidade de Salvador. Quem eu achar que tem competência, condições e habilidade pra desempenhar a função, vai estar. Agora não é a filiação partidária ou a indicação do partido que vai determinar quem vai ocupar os cargos. Eu tenho a firme disposição de segurar a ocupação dos cargos de confiança. Nós não vamos ocupar todos os cargos de confiança. Nós vamos cortar eles. Hoje, eu não tenho números exatos, algumas coisas serão levantadas nesse período de transição, mas minha ideia é definir um limite de não ocupação que seja linear pra todas as instâncias da prefeitura.
Nós vamos ter que economizar e exatamente pra economizar nesse item gastos correntes, uma das coisas que nós vamos fazer é não ocupar tordos os cargos de confiança da prefeitura. Nós temos números, nós temos dados que estão sendo discutidos, que estão sendo ajustados, mas minha ideia é no primeiro ano economizar 20% no que se referem às despesas correntes da prefeitura, serviços de terceiros e pessoas jurídicas. Tem que ver um novo orçamento. Eu tenho os dados de 2011, mas os dados de 2012 precisam ser discutidos com a Câmara.
Aumento de 10% no orçamento de 2013
Só vamos discutir o orçamento depois. Evidente que nós temos os números globais, mas eu não tive tempo de me aprofundar da peça orçamentária que o prefeito mandou pra Câmara. Isso vai começar a partir de hoje e com calma.
Maioria na Câmara e as contas de JH
Primeiro você tem que saber se as contas vão ser votadas este ano ou no próximo ano. Esse ano o Democratas não tem nenhum vereador lá na Câmara e evidente que a Câmara atual tem sua interface com a prefeitura e ponto final. Na próxima Câmara e próxima prefeitura, por ela eu vou falar e pela relação que a gente quer estabelecer com ela.
Na composição da Câmara eu tenho convicção que vamos ter maioria. Nós elegemos já no primeiro turno, na nossa coligação, 14 vereadores. A esses 14 somam-se outros quatro que fizeram campanha comigo, mas estavam em partidos da coligação de Pelegrino. Depois temos dois do PMDB no segundo turno, ou seja, vai pra 20. Eu tenho relação histórica com diversos vereadores da Câmara que vou conversar, então, a Câmara são 43, pra ter maioria eu preciso de 22, está muito perto de isso acontecer e nós vamos conseguir, vamos ter maioria.
Pra aprovar projetos é preciso ter maioria de 28 vereadores
Eu acho que é possível chegar a essa maioria qualificada, agora não é minha primeira preocupação. Eu não vou comprometer o meu governo com troca de cargos, barganha política pra compor essa maioria, isso não existe. Eu acho que Salvador vai se acostumar com uma coisa diferente. Eu vou procurar construir uma relação de diálogo com a oposição. Eu não posso imaginar, por exemplo, que um vereador como Edvaldo Brito, vice-prefeito da cidade, ex-prefeito, um sujeito que tem uma história em Salvador, vai se furtar a colaborar com a cidade, e o próprio ex-governador Waldir Pires. Eu vou conversar com todos, não só com a oposição. O meu discurso de ser democrata não é só um discurso, vai ser prática. Eu tenho dez anos de Câmara dos Deputados e já sei o que é que é certo e o que é que é errado numa relação do Executivo com o Legislativo. Aliás, eu reclamo como oposição de coisas que o Executivo não respeita o Legislativo e eu não vou fazer isso aqui.
Concorda que João Henrique promova as licitações do transporte, serviços de limpeza e folha de pagamento da prefeitura?
Sou contra tudo isso e acho que o Ministério Público tem que acompanhar e se posicionar, porque observe, o prefeito é prefeito ate o dia 31 de dezembro, pra ninguém achar que eu estou querendo assumir antes de tomar posse, não é isso, pelo amor de Deus. Eu respeito as prerrogativas e a sua competência até o último dia do mandato, agora evidentemente que as coisas que olham pro futuro precisam ser tratadas pela próxima administração. O que é de médio e longo prazo e que não foi feito até hoje, em oito anos, não pode ser feito no final do mandato, tem que ser feito pela próxima administração. Eu disse isso antes de eleito e se Pelegrino tivesse sido eleito eu ia defender da mesma forma. Eu vou procurar conversar com calma com o prefeito João Henrique, vou discutir com ele inclusive a composição de uma equipe de transição. Ainda não liguei pro prefeito, mas vou ligar pra ele ainda essa semana e vou discutir, evidente que se medidas forem tomadas nesse sentido nós vamos alertar a cidade e os órgãos de administração e controle pro que é correto, que a nova administração trate do futuro de Salvador.
Medidas de choque de ordem?
Primeiro nós vamos ter que tomar medidas duras no começo pra viabilizar a cidade. Eu não vou me furtar de adotar essas medidas duras, principalmente no que diz respeito às finanças. A palavra de ordem atual é economizar pra ajustar a máquina administrativa e fazendo sobrar dinheiro nós vamos atuar nas coisas que são urgentes e imediatas. Limpar as ruas, iluminar melhor a cidade, tapar os buracos, colocar os postos de saúde pra funcionar, melhorar o trânsito, colocar a guarda municipal pra trabalhar. Vamos fazer a partir de economia do que a prefeitura já arrecada e isso, é claro, vai exigir muito compromisso e austeridade, além de diminuir o número de cargos de confiança. O número de secretarias não, porque Salvador já tem um número reduzido de secretarias.
Ordem Pública e Reforma Administrativa
Eu penso em fazer uma reestruturação administrativa na cidade e se possível até o atual prefeito encaminhar pra Câmara de Vereadores essa reforma administrativa que a gente quer fazer. Apesar de já ter algumas coisas na cabeça, me permitam não anunciar hoje, porque o ritual é criar uma equipe de transição, essa equipe vai trabalhar num modelo administrativo pra Salvador e em seguida nós vamos decidir os nomes, então, esse é o ritual.
Orçamento já está montado
O orçamento já foi encaminhado, mas não foi votado pela Câmara Municipal. Uma das coisas que eu gostaria, um pedido que vou fazer ao prefeito e à Câmara, é participar do orçamento. Eu quero participar, eu não posso alterar, porque esse orçamento não é meu, é do atual prefeito, eu respeito o poder do prefeito ser prefeito até 31 de dezembro deste ano, agora eu gostaria e vou levar essa mensagem até João Henrique. Acho que minha relação de respeito com João Henrique, que sempre foi uma característica nossa, vai facilitar as coisas de um diálogo que eu pretendo ter com ele muito harmônico, civilizado e uma das coisas que vamos discutir é isso.
Aumento do IPTU
Aumento de alíquota de IPTU a priori não.
Prazo para as reformas?
O receituário das administrações mostra que todas as medidas estruturais têm que ser tomadas logo no primeiro ano e mesmo que eu tenha que enfrentar resistências ou até impopularidades, tudo que tiver que ser feito vai ser feito no primeiro ano pra ajustar a prefeitura.
Decretos e modelo de gestão
A prefeitura tem o compromisso de estabelecer a ordem na cidade e isso vai acontecer. É claro que Salvador é uma cidade complexa e heterogênea, com múltiplas características. Não dá pra imaginar que você governa Salvador por decreto, você governa nos bairros, presente, fazendo as coisas que tem que ser feitas e é o que eu vou fazer. A ideia é logo no começo, claro que vai exigir um tempo de implantação, mas a ideia é já ter um modelo administrativo definido e implementar isso no começo.
Pelegrino fala em erro do eleitor de Salvador e continuidade
Eu já ganhei e já perdi eleição. Eu acho que só está preparado para ganhar quem está preparado para perder. O que eu tenho a dizer ao deputado Nelson Pelegrino é que espero contar com o apoio dele como deputado federal. Ontem parabenizei e quero novamente parabenizar a participação do deputado Nelson Pelegrino nesta campanha. Ele é uma pessoa identificada com a cidade, é um deputado de valor, que tem méritos, e eu quero contar com o apoio dele a partir do ano que vem para ajudar a trazer os recursos pra Salvador. É natural que ele seja oposição, lógico, se ele fosse eleito eu também seria oposição dele.
Vai se licenciar da Câmara?
Eu pretendo organizar as coisas até porque eu sou líder, vou ter que passar a liderança, uma série de coisas que vou ter que organizar e, organizadas essas coisas, definir o momento certo para renunciar os mandatos.
Amanhã em Brasília já vai ter conversa com a presidenta ou o vice? E Jaques Wagner?
Nós temos dois meses pra fazer todos esses contatos, todas essas conversas, então não precisa fazer tão rápido e nem tão devagar, o que importa é meu compromisso de que vou conversar com a presidente, com o vice-presidente e com o governador. Temos tempo pra conversar essas coisas, claro que conversar com o governador é uma prioridade nossa, como procurar o prefeito pra discutir o governo de transição. O diálogo com o governo federal vai começar tão logo o governo federal esteja disposto a fazer. Eu soube de uma declaração da presidente que vai dar o tratamento correto a todos os prefeitos de todos os partidos e é o que a gente espera dela. Ela é presidente de todos os soteropolitanos e eu serei prefeito de todos os soteropolitanos. Acabou a disputa, acabou o palanque, eu quero ser parceiro do governo do estado e do governo federal e saberei reconhecer e dar os devidos créditos por tudo que o governo do estado e o governo federal fizerem por Salvador.
Lição da eleição
A eleição mostrou uma coisa muito clara, que a eleição é municipal. Se a eleição fosse nacionalizada eu jamais ganharia aqui em Salvador. Da mesma maneira que você olha pra todas as outras cidades d o Brasil, você percebe isso aí, a eleição é municipal, é local. Não há de se falar em vitória da oposição ou vitória do governo, nem de derrota da oposição ou derrota do governo. A oposição perdeu São Paulo, mas nem por isso perdeu, ganhou aqui, mas nem por isso ganhou.
A questão é municipal.
Manutenção de João Carlos Bacelar (Educação) e Tatiana Paraíso (Saúde)?
Não tenho nenhum compromisso. Vou ter liberdade pra fazer as minhas escolhas. Não discuti nomes e não aceitei discutir nomes. Em dado momento quando você discute as alianças partidárias, você tem todo tipo de demanda e eu não caí nessa armadilha, o que me dá liberdade agora de fazer um governo com as pessoas que eu julgar mais competentes.
João Henrique assumiu que errou
Muito lúcida a declaração do prefeito João Henrique. Acho que é a declaração de alguém que sofreu na pele as consequências do seu governo ter sido do primeiro ao último momento ocupado por partidos políticos, fatiados e eu não farei isso. Primeira coisa que farei com meus aliados essa semana, Jutahy, Geddel, Aleluia, Paulo Souto, vou chamar todos eles e dizer que é hora de acertar. Está todo mundo consciente de que o desafio é muito grande. Salvador tem muitos problemas, nós não vamos conseguir resolver tudo, vamos precisar de uma carência, inclusive porque não é amanhã que vai estar tudo resolvido, a gente tem que criar as condições pra resolver todos os problemas da cidade. Os políticos vão ter que ter o mesmo compromisso e o compromisso é comigo. Eu quero os políticos presentes, quero os políticos atuantes, participando, mas a decisão ela vai ser tomada pensando sempre na cidade e eu não vou cometer esse erro que realmente o prefeito cometeu.
Compromisso com o PV de rever o PDDU
Meu compromisso não é com o PV não. Meu compromisso é com a cidade. Eu tenho uma estratégia de desenvolvimento econômico que eu quero implementar em Salvador e ela vai demandar a discussão do PDDU e da Louos.
Verticalização da Orla e uso de Transcons?
Nós vamos fazer uma auditoria em todos os Transcons da cidade e mudar a regulamentação do uso de Transcon em Salvador. Não quero dar posição definitiva, mas a priori a minha ideia é não permitir o uso de Transcon na Orla. Eu tenho ideias, penso como deve ser dado o tratamento, acho que a Orla de Salvador tem que ser vista de maneira compartimentada. Em minha opinião você não pode ter um PDDU do Subúrbio até a Orla de Itapuã, não dá. Tem que ter uma adequação pra cada Orla, inclusive pra Península Itapagipana, que a gente pensa em levar o investimento privado, evidentemente que isso virá de uma discussão mais ampla que será feita de forma transparente e debatendo com a população.
Problemas das chuvas
Você tem duas coisas que precisam ser feitas. Nos últimos anos com Imbassahy funcionava muito o projeto de contenção de encostas, o que nos últimos anos não foi feito. A nossa ideia é trabalhar na drenagem da cidade pra atenuar os efeitos das chuvas, agora tudo isso dentro de um planejamento que será feito pela prefeitura.
Relação Executivo-Legislativo e escolha do presidente da Câmara
Sempre condenei essa relação de interferência. Eu não vou fulanizar, até porque é a próxima Câmara que vai escolher seu presidente e eu vou respeitar qualquer que seja a decisão da Câmara.
Receio de que recursos suplementais não sejam repassados?
Aí nós vamos ter que ver se a palavra do governador e da presidente é uma palavra sincera e verdadeira. Eles sempre disseram e declararam ontem que respeitariam a decisão da cidade. O governador, inclusive, pelo que eu soube deu entrevista dizendo que os projetos estavam garantidos. Eu acredito na palavra do governador, mas tenho que fazer minha parte. E qual a minha parte? Ter bons projetos, depois ter uma relação correta com ele. Eu não posso querer ser ajudado e a cidade ser ajudada se eu estou na trincheira, brigando, disputando, guerreando, agora se eu der uma demonstração muito clara que não quero disputa, não quero guerra, não quero trincheira, eu acho que ele tem todas as condições de ajudar a cidade. É o que pretendo fazer com ele e presidente Dilma Rousseff.
O problema com as filantrópicas
Esse é um problema que vai ter que ser enfrentado porque a cidade tem que retomar a gestão plena da saúde, mas antes de falar de trincheira, vamos falar de diálogo. Vamos devagar. Não vou cair nessa armadilha (risos). Apesar de ser um dos prefeitos mais jovens, eu não sou neófito.
http://www.metro1.com.br/eleicoes/?varTarget=noticia&idNoticia=10360
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