terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Roberto Carlos e a ditadura

As datas, os aniversários, têm um poder evocativo muito forte. Esta semana me veio de súbito uma pergunta: que música seria mais representativa do golpe militar de 64? Quais canções, que músico seria mais representativo daqueles anos inaugurados em um primeiro de abril?
Num estalo me veio que Roberto Carlos deve ter sido o compositor mais representativo da ditadura. Não sei se num curto espaço conseguirei ser claro. Mas tento. Os mais velhos sabem que a lembrança daqueles anos muito tem a ver com os rádios, em todos os lugares, tocando
“De que vale o céu azul e o sol sempre a brilhar
se você não vem e eu estou a lhe esperar
só tenho você no meu pensamento
e a sua ausência é todo meu tormento
quero que você me aqueça nesse inverno
e que tudo mais vá pro inferno”
Quando Roberto Carlos explodiu os rádios do Brasil, ele cresceu em um  programa que arrebentou em 65. O programa Jovem Guarda se opunha ao O Fino da Bossa, com Elis. Enquanto O Fino da Bossa fazia uma ponte entre os compositores da velha guarda do samba e os compositores de esquerda, o Jovem Guarda...
 “Eu vou contar pra todos a história de um rapaz
que tinha há muito tempo a fama de ser mau..”
“O Rei, o Rei não tem culpa...”, diz-nos um senhor encanecido, ex-jovem guarda (e como envelheceu a jovem guarda!). “O Rei não tem culpa...”. Sim, compreendemos: quem assim nos fala quer apenas dizer, Roberto Carlos não teve culpa de fazer o medíocre, de falar aos corações da massa jovem daqueles anos. À juventude alienada, mas juventude de peso, em número, que ganha sempre da minoria de jovens estudiosos. Que mal havia em falar para a sensibilidade embrutecida mais ampla? É claro que ele não teve culpa de macaquear a revolução musical dos Beatles em versões bárbaras, em caricaturas dos cabelos longos, alisados a ferro e banha, para lisos ficarem como os dos jovens de Liverpool.
Mas é sintomático nele a passagem de cantor da juventude para o “romântico”. Essa passagem se deu na medida em que os jovens de todo o mundo deixaram de ser apenas um mercado de calças Lee e  Coca-Cola, e passaram a movimentos contra a guerra do Vietnã, até mesmo em festivais de rock, como em Woodstock. Ou, se quiserem numa versão mais brasileira, o Rei Roberto se torna um senhor “romântico” na medida em que as botas militares pisam com mais força a vida brasileira. Ora, nesses angustiantes anos o que compõe o jovem, o ex-jovem, que um dia desejou que tudo mais fosse para o inferno? - Eu te amo, eu te amo, eu te amo...
É claro que a passagem do Roberto Carlos Jovem Guarda para o senhor “romântico” não se deu pelo envelhecimento do seu público. De 1965 a 1970 correm apenas 5 anos. O envelhecimento é outro. Nesses 5 correm sangue e raiva da ditadura militar, no Brasil, e crescimento da revolta do público “jovem”, no mundo. Enquanto explodem conflitos, a canção de Roberto Carlos que toca nos rádios de todo o Brasil é “Vista a roupa, meu bem” (e vamos nos casar). Se fizéssemos um gráfico, se projetássemos curvas de repressão política e de “romantismo” de Roberto Carlos, veríamos que o ápice das duas curvas é seu ponto de encontro.
Enfim, o namoro do Rei Roberto Carlos com o regime não foi um breve piscar de olhos, um flerte, um aceno à distância. O Rei não compôs só a música permitida naqueles anos de proibição. O Rei não foi só o “jovem” bem-comportado, que não pisava na grama, porque assim lhe ordenavam. Ele não foi apenas o homem livre que somente fazia o que o regime mandava. Não. Roberto Carlos foi capaz de compor pérolas, diamantes, que levantavam o mundo ordenado pelo regime. Ora, enquanto jovens estudantes eram fuzilados e caçados, enquanto na televisão, nas telas dos cinemas, exibia-se a brilhante propaganda “Brasil, ame-o ou deixe-o”, o que fez o nosso Rei? Irrompeu com uma canção que era um hino, um gospel de corações ocos, um som sem fúria de negros norte-americanos. Ora, ora, o Rei ora: “Jesus Cristo, Jesus Cristo, eu estou aqui”.
Os brasileiros executados sob tortura não estavam com Jesus. Nem Jesus  com eles.                           

  • 47 Comentários recebidos

  • Em 30/03/2011, Luiz Guilherme da matta escreveu:

    A ditadura de Estado era cruel desumana.E o patrulhamento;dos esquerdistas chatos não torturava fisicamente;mas enchiam o saco;com normas de conduta;que se não fosse a deles;era reacionaria;falar de amor era coisa de burgues.Enfim uns chatos;eu detestava a ditadura;mas tb não suportava os babacas;donos da verdade.

    Em 30/03/2011, stella maris escreveu:

    Nunca gostei do rei...( nunca falava de politica, e muito correto..)portanto medíocre, pra mim) ouvia sim , Raul Seixas, pelo menos reclamava...

    Em 30/03/2011, Telmo escreveu:

    Sou democrata de nascença. Despeito as opiniões. Não achei justa a ilação da ditadura como o Roberto Carlos. Concordo me que o torneiro mecânico que ascendeu à Presidência deste país continental melhorou o Brasil (conquanto tenha feito vistas grossas contra as barbaridades com o dinheiro público). Quem vamos escolher para comparar com os menslões e demais assaltos aos recurso oriundos de tantos e tão altos impostos? A Controladoria Geral da República tem que ser melhor aparelhada e ganhar independência para melhor combater a corrupção (sempre por debaixo dos panos). E os Trinunais de Contas devem parar de examinar cadáveres americanos e patir para fiscalisação "in loco". Estamos na democracia. "Cadê" o povo nas ruas gritando contra corruptores e corruptos? Será que o brasileiro sabe o que são direitos que a democracia lhe coloca nãs mãos? (e na boca?)

    Em 30/03/2011, Paulo França escreveu:

    O colega Urariano escolheu um tema bom de levantar, mas ruim de defender. Meu caro, nem todos seguem o mesmo caminho, mas até na guerra é preciso sonhar. Quanto ao Roberto, se vc não leu a biografia que ele proibiu, sugiro a leitura. Nela, vê-se como o sujeito humano se sobrepõe ao mito midiático. E, olhe, Roberto é um vencedor. Acidentado aos cinco anos, recusa-se a vestir o papel de deficiente físico. Luta feito um leão por um lugar ao sol. É extremamente grato a quem colabora com ele e fiel como um cão aos amigos. Roberto fez algumas pessoas melhorarem de vida apenas gravando suas canções. Uma dessas foi uma senhora bem humilde, pobre, da roça, que ele conheceu num estúdio e, para ajudá-la, sem deixar isso virar caridade, melhorou as letras e gravou três canções dela. Quantos compraram apartamentos, casas, viajaram, educaram seus filhos? Roberto luta para ter um amor duradouro com uma mulher, mas o destino sempre lhe tira esse sonho. E ele canta o sonho para outros serem felizes.

    Em 30/03/2011, Savio Gomes escreveu:

    Concordo com os comentários dos senhores Telmo e Paulo França. Se esta é a sua teoria, o que dizer da nossa querida Bossa Nova, "O Amor, o Sorriso e a Flor"? Eu era locutor na época e tinha apenas 16 anos.Divulgava sim as músicas do Roberto tanto quanto divulgava a Nara Leão, o Tom Jobim e também o Raul Seixas, o Chico Buarque, o Gil. O romantismo do "Rei" era apenas um bálsamo, e muitos de nós, jovens demais na época, não tínhamos a exata noção do que de fato ocorria no País! Achei o comentário do colunista desprovido de argumento válido.

    Em 30/03/2011, Gustavo Horta escreveu:

    Não há acaso nas coisas. Muito menos há coincidências! Coincidência é algo tão extraordinário que es=xiste a palavra para caractecterizar o fenômeno. Não é à toa que o Sr. Roberto Carlos é homenageado em vida por uma escola de samba e veementemente ovacionado pelos auto-falantes reverberantes da rede glóbulo de tevelisão. A tal escola já era a campeã antes mesmo de iniciar os desfile!! Ninguém se mantem impunemente entre os astros e a fortuna! Não há escalada assim estonteante que seja impune. Atenção para nosso mais novo "martir", José Alencar... Abraço,

    Em 30/03/2011, jaime escreveu:

    É verdade que Roberto Carlos tangenciou a escuridão da ditadura; o mais próximo da sombra que chegou, acho que foi com a música dedicada ao então exilado Caetano Veloso, "Debaixo dos Caracóis dos Teus Cabelos". Mas também nunca apoiou o regime. Penso que ditadura também se exerce à custa do patrulhamento obsessivo, como é o caso da opinião do colunista.

    Em 30/03/2011, Armando escreveu:

    Simplesmente, um oportunista. Enquanto todos os jovens artistas sofriam e eram exilados, ele ganhava dinheiro e a simpatia dos generais-ditadores.

    Em 30/03/2011, Odilon Milanez escreveu:

    Exitem 3 tipos de pessoas: as que sofrem com a coisa, as que combatem a coisa, e as AMEBAS que apenas se afastam da coisa. Vi o RC entre estas últimas, averso a política e/ou qualquer assunto controverso ou embaraçoso, querendo apenas vender e faturar com os seus discos, posição, aliás, bem de acordo com a sua condição física precária.

    Em 30/03/2011, Sergio Carvalho escreveu:

    Sim, nos que estavamos na frente da luta e mudamos a consciencia de muitos,achavamos ruim gostar da Turma da Jovem Guarda.Tinha naquela turma pessoas horriveis de aturar(Carlos Imperial)a briga era contra as ideias pobre e o momento pedia firmeza. Por isto sacrificamos tantas pessoas boas, e Roberto Carlos foi um deles que não merecia pois como podemos julgar alguem que não veio de um berço politizado ou mesmo teve a oportunidade de estar em praça publica sentado em conversas com pensadores que era o Rio na quela época,quem viveu com os bate papos do professor Manuel Mauricio que saia da escola Visconde do Rio Branco depois de dar aula para futuros diplomatas nos ensinar em praça publica a luta pela democracia. Hoje vejo este compositor/cantor com outros olhos, ai vem a maturidade e sem rancor.

    Em 30/03/2011, Sergio escreveu:

    Alguns espertos ainda insistem que o povo precisa ser tutelado e patrulhado. Todos temos o direito de pensar e de dar sentido à nossa vida da forma que entendemos melhor, tudo com respeito à liberdade alheia.A Ideologia e o Coletivismo exagerado só prestam para criar privilégios a alguns, que vivem tirando proveito das benesses do estado e da boa vontade do cidadão com armadilhas como o patriotismo, para manipular as massas. Mas não me engano, só perseguem objetivos mesquinhos tais como amealhar mais poder. Se o Roberto se amoldou ao status quo,(mas ele nunca prestou serviços ou fez parte do regime, isso é uma grande injustiça) ele o fez com sentido de auto-preservação, do contrário sofreria como tantos outros, que morreram por nada...Não podemos culpá-lo por tentar sobreviver em uma época difícil.A maioria do povo fez isso, enquanto os ideólogos instigavam os outros a brigar por suas grande idéias. Mas o colunista se esquece que este mesmo Roberto que ora é acusado de alinhamento ao regime de direita, foi o único artista que teve coragem de visitar Caetano e Gil no exílio e levar sua solidariedade aos dois, fato amplamente divulgado, apesar da censura existente, tendo o encontro com Caetano até gerado uma das maiores parcerias da MPB com "Debaixo dos Caracóis ..." Como o colunista explica es

    Em 30/03/2011, sergio escreveu:

    Como o colunista explica esse "arroubo" de "irresponsabilidade" de Roberto, em pleno auge do regime militar confraternizar com "aqueles esquerdistas subversivos?" esse patrulhamento indecoroso e indevido nos dias de hoje só traz desserviço à democracia e à liberdade, únicos valores pelo que se merece lutar sempre. Até para se ter o direito de vermos artigos como esses publicados...Ainda bem que ninguém hoje em dia cai mais nessa esparrela...

    Em 30/03/2011, Saint-Clair escreveu:

    Gente! À que ponto está chegando essa paranóia. Até o RC com suas musiquinhas bobas, estava a serviço da ditadura. Isso está virando uma pandemia. Senhores, sem nenhum sentido ofensivo, acho que, alguns colunistas do DR estão precisando de uma psicoterapia de grupo. A música História de Um Homem Mau, citada no texto, é uma versão de Roberto Rei. Não é composição do RC. Será que não dá para pensar um pouco, no presente e no futuro, e parar de procurar fantasmas no passado? Ah! Antes que venham os comentários das viúvas comunistas com a agressividade costumeira, já aviso: não sou militar, nunca fui, não sou pago pela CIA, nunca fui beneficiado em NADA pelo regime militar.

    Em 31/03/2011, Justo Abrita da Silva escreveu:

    Gente, li todos os comentários postados até agora. É incrível como tentam fazer barulho, creio que o colunista conseguiu, mexeu num vespeiro. Ele é inteligente, basta um ?tição? e a labareda está descontrolada... Quem de nós, poderia falar tanta besteira a respeito de um jovem que sonhava e escreveu sua HISTÓRIA na música? Ninguém está obrigado a gostar do que ele escreveu ou cantou, mas tem que engolir que o cara é BOM, enche platéia de qualquer lugar do MUNDO, e encanta pessoas dos 2 aos 200 anos. Não é imaculado, porque é só mais um HUMANO, mas será que a mídia inteira é corrupta? Quais escândalos e ?mal feitos? nós podemos enumerar a respeito do NOSSO REI ROBERTO CARLOS BRAGA? Nasci e cresci ouvindo suas músicas e me surpreendendo com sua discrição e, pelo menos levada a público, uma pessoa de boa conduta. Sabem? Poucos se expuseram contra o regime, e desses poucos, muitos não saíram vivos de suas torturas. Procurem em qualquer ambiente de pesquisa por ?o caso das mãos amarradas?. Pois é, minha tia morreu aguardando por justiça, e olha que ela até demorou alguns anos a falecer, foram 43 anos de espera. E como disseram anteriormente, os governos e o governo do ?povo? fez? Dizem aos quatro ventos que a atual presidente foi vítima daqu

    Em 31/03/2011, Carmélio Reynaldo escreveu:

    Savio, a Bossa Nova nasceu em 1958. Em 64 já não era "amor, sorriso, flor", pois a maioria dos seus integrantes estava escrevendo músicas de protesto e Vinícius de Moraes era cassado do seu cargo no Itamaraty porque, junto com Carlos Lyra, escrevera o hino da UNE. Para abafar essa rebeldia dos bossanovistas, a mídia aliada da ditadura investiu pesado no apoio à Jovem Guarda.

    Em 31/03/2011, Justo Abrita da Silva escreveu:

    Continuando, pois não coube no ultimo. E como disseram anteriormente, os governos e o governo do ?povo? fez? Dizem aos quatro ventos que a atual presidente foi vítima daquela desgraça. Aguardemos para ver a sua atuação em razão desse assunto. Roberto Carlos é iluminado, é GRANDE, é alguém que sempre levou o sonho em suas músicas, reclamou muito sobre o sofrimento da TERRA, que vem sendo tragada pelo consumismo desenfreado, por esse modelo CORRUITOCAPITALISMO. Saudações Ah!! Deixem de procurar problema em uma pessoa que já escreveu uma belíssima história, vamos nos atentar para o que vem acontecendo com as podres articulações políticas... que de sobra, sobra só exagerados impostos pra gente pagar e a riqueza dos DESgovernantes. Basta olhar como entraram ?lá? e como saem, eles e seus lastros de sangue.

    Em 31/03/2011, José Emílio Gomes escreveu:

    Conheci o artista em 1960.Enquanto eu, depois de um dia de trabalho,fazia meu ginásio à noite, ele tocava violão com amigos em um bar ao lado da minha escola, na Rua Riachuelo (RJ). Uns 3 anos depois, ele surgia com sucesso no mundo musical. Comprava todos os seus discos e o admirava. Com o passar dos anos, além de questionar sua posição extremamente neutra em relação ao golpe de 64, tomei conhecimento de atitudes nada recomendáveis para um ser humano, ainda mais tratando-se de quem era: 1-)em fins década de 60, teria se apropriado de letras de autoria de um amigo meu, que estava preso por porte de maconha, e que fazem parte de pelo menos dois grandes sucessos do cantor; 2-)em 1980, pela ausência de uma "limosine preta" na cidade,teria se negado a participar de um show em Maringá-PR, destinado a crianças com deficiência mental, só o tendo feito sob a ameaça do revólver do diretor da instituição que cuidava das crianças,que conheci. Desde então não curto e nem ouço o artista, pessoa seca

    Em 31/03/2011, carlos skip escreveu:

    Muito interessante seu artigo. O que voces acham que significava "guarda" da jovem guarda? Creio que ensaiaram algo mais alienante com o declinio da jovem guarda ,,,meus idolos morreram de overdose....Mas não deu certo. Dai, resolveram dar uma roupa nova ao Rei que naquela altura já um verdadeiro arquivo ambulante. E, deu no que deu. Um paralelo interessante de Roberto com o governo militar. Começaram fazendo porcaria porem fizeram tambem algumas coisas boas.

    Em 31/03/2011, Eldo Dias de Meira escreveu:

    Não. Acho que o Rei Roberto nunca foi alinhado com a ditadura. Na época havia a censura que pegava parelho, alguns se aventuravam a opinar sobre política e eram censurados, perseguidos, outros não, isso era uma questão de opção.

    Em 31/03/2011, Fernando escreveu:

    Roberto Carlos sempre foi um alienado como a grande maioria dos brasileros. Não acho que ele tenha compactuado com a Ditadura, como assim fizeram descaradamente, Dom e Ravel; Wilson Simonal; Cesar Alencar etc...

    Em 31/03/2011, Jorge Santoro escreveu:

    Tudo é uma questão de fábula! Quando o tempo escoa para o passado, alguns fatos passam de um lado para o o outro, serpenteando a história, com maior ou menor notoriedade. Quem escreve de suas lembranças, ou da dos outros, concentram-se no que acreditam ser o sumo da verdade. Vivi nos anos 60 a minha juventude e também servi na infantaria blindada do exército, aqui no Rio, em pleno ano de 1969, ano de grandes tumultos. Nós não queríamos confronto com ninguém (Graças a Deus, nunca ocorreu). Também éramos estudantes e felizes na nossa pós adolescência. Roberto Carlos tinha fama na TV, assim como outros tantos esquecidos e as vezes reabilitados na morte. No fim de semana íamos para os bailes ao som dos Beatles..., para namorar, dançar e beber "Cuba Libre". Ler e discutir o Paskim, tocar violão. Não foi tão mal assim! Mas este é o meu passado. Existe o seu e o dele. Isso é passado, cada um uma história. Somos a imperfeição humana. Passado não move futuro! Roberto? Ah! É Fábula Urbana

    Em 31/03/2011, ricardo carvalho escreveu:

    Não pretendia meter minha colher nessa história, porque acho RC uma figura menor, indigna de um artigo no DR. Longe de mim defende-lo, mas à bem da verdade, vai aqui um depoimento. Minha mulher é jornalista das antigas, com 16 anos, já era Free Lancer da Contigo ou Capricho, não me lembro, revistas de fofocas de bastidores dos famosos dos anos 60, free Lancer tem que se virar. Me lembro de uma conversa que tivemos anos depois sobre o Roberto. Ela tinha sido escalada para entrevista-lo e me relatou o seguinte diálogo. Reporter: Roberto, porque do seu não engajamento político? Roberto: menina, eu sou quase um analfabeto, não tenho cultura para falar de política, deixo isso para quem pode e sabe, o Chico e o Caetano. Se eu fizer uma música de protesto e me questionarem, vou dizer o que? Vou é passar vergonha. Ignorância não é desculpa, mas ter que admiti-la, convenhamos, deve ser duro.

    Em 31/03/2011, ricardo carvalho escreveu:

    Taí Gomes, essa história não conhecia. Como ela devem existir milhares. Por isso, biografia, só a autorizada, só aquela que passa pelo escrutínio do "Rei".

    Em 31/03/2011, Savio Gomes escreveu:

    O Carmélio Reynaldo tem toda a razão. Eu é que me expressei mal. O que quis dizer, é que como um jovem locutor de rádio do interior, divulgava qualquer tipo de música, e corrijo o meu texto com base nas colocações corretísimas do Carmélio: Mesmo com a Bossa Nova tendo amadurecido e com composições nem tão inocentes, divulgava "O Cantinho e o violão" e "O Amor, O sorriso...". Embora também divulgasse o Vandré, pessoalmente eu não tinha a malícia sobre o aspecto ideológico das letras e músicas. Só comecei a "sentir algo no ar" com as músicas dos Festivais Universitários, as quais também divulgava até que fossem proibidas.Mesmo havendo "despertado", continuei a divulgar o RC, o que não me arrependo e não consigo ver nenhum "alinhamento" do "Rei" com o Regime Militar da época.

    Em 31/03/2011, Alício escreveu:

    O rei sempre foi globo, aquela que nos faz de bobo,ou fazia.

    Em 01/04/2011, ricardo carvalho escreveu:

    Naquela época, tinha para todos os gostos e erros grosseiros também se cometeram. A galera mais politizada por exemplo, escolheu "Caminhando", como a sua música em detrimento de uma poesia fantástica em forma de letra e música. Sabiá de Tom e Chico, uma das musicas mais belas e uma das canções de protesto mais profundas que ouvi em toda minha vida.

    Em 01/04/2011, Silvio Barreto de Almeida Castro escreveu:

    Aquele especial de fim de ano na Globo, por todos os anos da ditadura até hoje, para mim sempre pareceu-me no mínimo uma grande conivência com as "personalidades" que usurparam o poder no golpe de 1º de abril de 1964. Agora ele diz que "Debaixo dos caracóis do seu cabelo" foi composta para o Caetano quando do exílio desse em Londres, versão confirmada. Talvez o Rei não passe de um alienado, não dá para provar a má-fé.

    Em 01/04/2011, toufic attar escreveu:

    Muito pertinente e clara esta exposição dos fatos envolvendo o Rei. Pode-se e deve-se,analisar estas questões. Porém, apergunta mais crucial é saber o que aconteceu com tanta gente que se opós à Jovem Guarda, defenderam a bossa nova, criaram canções hinos (Geraldo Vandré - Chico), se revoltaram contra o sistema e deram origem à Tropicália...enfim foram as vozes da liberdade e da volta à democracia no Brasil e latinoamerica, em busca de politicas que resgatem a dignidade humana, acabe com a censura, com politicas de inclusão social vs a terrível desigualdade social que criou esse Brasil dividido em classes ABCDEF..o que aconteceu com essa gente desde 1986 quando o Sarney assumiu no lugar do Tancredo? Quantos hoje fazem esse papel que é atribuido ao Rei então? Quem lembra que a pior injustiça é manter um povo inteiro sob os principios do sobreviver e não do viver? 2 Reis, Pelé, RC, criticados pela omissão de suas vozes. E os outros que fizeram sonhar a nação inteira com mudanças,cadê?

    Em 01/04/2011, José Emílio Gomes escreveu:

    Ricardo, a frase "menina, eu sou quase um analfabeto, não tenho cultura para falar de política" confirma o meu pronunciamento sobre as noitadas do artista no bar ao lado da minha escola. Ainda bem que ele foi sincero, embora devesse ter vergonha de sua ignorância e falta de estudo.

    Em 01/04/2011, ricardo carvalho escreveu:

    Como diria o açougueiro, vamos por partes. Pelé era o Rei do futebol e só. Como bem disse o Romário "Pelé calado,é um poeta". Quanto aos que fizeram sonhar e a continuar sonhando, posso garantir que ajudaram e muito a construir uma consciência política na geração daquela época. Chico compôs Construção, Roberto, o Calhambeque bi bi. João Bosco e Aldir Blanc o Bêbado e a Equilibrista, Roberto, o "épico" Que tudo mais vá para o inferno. Milton Nascimento, Cálice, Roberto o "edificante" e muito bem lembrada pelo Urariano, A namoradinha de um amigo meu. Enfim, Roberto só é célebre para os descerebrados.

    Em 01/04/2011, Alício escreveu:

    Jesus disse dai a César o que é de César.Era o dinheiro sujo. Eu digo: dai a Roberto o que é de Roberto.

    Em 01/04/2011, Lilia escreveu:

    Vamos fazer de conta que RC fez uma ODE A LIBERDADE? ?De que vale o céu azul e o sol sempre a brilhar se você "oh! Liberdade!)não vem e eu estou a lhe esperar só tenho você no meu pensamento e a sua ausência é todo meu tormento quero que você me aqueça nesse "tempos de" inverno e que "a Ditadura" e tudo o mais vá pro inferno?. bjks

    Em 02/04/2011, Anísio FC escreveu:

    Tinha tanto pra te falar, mas com palavras não sei dizer... Deixa pra lá, o Luiz Guilherme da Matta falou/escreveu por mim. E salve RC, o maior artista (Digo artista, não necessariamente um ser político...) brasuca!

    Em 02/04/2011, Josias Dias da Costa escreveu:

    Esse Uriano Motta parece que nunca ouviu a música "Debaixo dos caracóis de teus cabelos". Ademais, esquece que RC faz sucesso em todas as Américas e até mesmo na Europa.

    Em 02/04/2011, Fernando Bernardo escreveu:

    Nasci em 1965 e só gosto das melôs antigas do Roberto. A última que gostei é daquela que mencionava as baleias. Não que fosse gordinho, mas era a CERTEZA de que os bichões estariam extintos mesmo, à essa hora !. Acho que foi essa música que salvou mesmo as baleias !. Mais tarde ele fez música para as mulheres...Gordinhas, vesgas, pernetas etc...Desde 1973 ele não lança nada realmente novo !. HOJE ? Quero mais que Roberto Carlos se exploda !. Sou Pitty forever !. Ainda mais agora que a Maria Bethânia papa mais de R$ 1 milhão de dindin público...Para a criação de um filme e e um blog !. Sociali$mo é isso ae !.

    Em 04/04/2011, Carlos Maurício Ardissone escreveu:

    Vamos então agora condenar também a seleção de 70 por ter jogado a Copa enquanto havia pessoas sendo torturada e cometido a injúria de ir a Brasília ser recebida por Médici, com a taça. Menos gente, menos.....

    Em 04/04/2011, lilian maria fernandes magalhaes escreveu:

    Francamente! Quem é essa pessoa sem a menor sensibilidade musical para falar algo sobre o maior representante da MPB: ROBERTO CARLOS! Quanta frustração, meu filho ou minha filha...Lamentável! O Homem está ai... a compor.A encantar! Enquanto seu idolos ou morreram de overdose e de algum tipo de promiscuidade! Acorda1 Ainda há tempo! O REI é internacional! É do mundo! Não é idolo so no Brasil.Será que so voce que não gosta, conhece de musica? Vai estudar cara! Se aprume...ROBERTO É O REI! Pronto! LILIAN

    Em 07/04/2011, Paul Ferrier escreveu:

    Grande RC . Artista exclusivo da Rede Globo, filha da ditadura. Filho de peixe, peixinho é!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    Em 22/04/2011, Waldir Pedrosa escreveu:

    Urariano aprecio bastante o que você escreve, por não esquecer os vieses e o olhar diferente sobre o que se desenrola na sociedade num dado momento. Falar dos ídolos é um ato corajoso desde sempre, por serem simulacros representativos de uma imagem deificada. Falar contra os ídolos é tencionar destruí-los da idéia social de que sua trajetória haja sido ideal a ser seguido. Lembrar Noel, Canhoto da Paraíba e outros, é mostrar alternativas, valores a serem assimilados sem mistificação. Você é contundente contra o golpe militar-civil-e imperialista que redundou na ditadura militar e nos anos de atraso e dor pelos quais passamos. Contra estes anos toda contundência será sempre ínfima. Fornecer material que possibilite melhor compreender do que cuidavam os artistas, intelectuais, compositores dessa época é um serviço à inteligência, sentimento e história desta e das novas gerações. A história e a coerência de Roberto Carlos, Noel, Canhoto, Vandré, Chico, Caetano, Gil, Sergio Ricardo, Vinicius de Morais... restará contada especialmente na sua expressão artística, mas também no juízo que se fez dos seus atos e omissões.

    Em 19/05/2011, Florivaldo Menezes, Pai. escreveu:

    Em 31/03/2011, Jorge Santoro escreveu aqui em cima: "Tudo é uma questão de fábula! Quando o tempo escoa para o passado, alguns fatos passam de um lado para o o outro, serpenteando a história, com maior ou menor notoriedade. Quem escreve de suas lembranças, ou da dos outros, concentram-se no que acreditam ser o sumo da verdade." E ELE FOI DA INFANTARIA BLINDADA DOS MENTORES DO "REGIME MILITAR", COMO DECLARA NOUTRAS PALAVRAS. Eu, procurando fundir Maiacóvski com Jdanov, procuro encontrar sentido apenas no som singularíssimo que emite a voz do cantor... Questão de Física, em que degrau de meu ouvido interno este se refestela com aquele som inigualável.

    Em 02/12/2011, Urbano escreveu:

    hoje geraldo vandre entao cantaria assim Caminhando e cantando E seguindo a corrupçao Somos todos iguais Braços dados ou não Nas escolas, nas ruas Campos, construções Caminhando e cantando E seguindo a canção Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer Pelos campos há fome Em grandes plantações Pelas ruas marchando Indecisos cordões Ainda fazem da flor Seu mais forte refrão E acreditam nas flores Aplaudindo os corrupioes Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer Há politicos Amados ou não Quase todos perdidos na corrupçao Nos partidos lhes ensinam Uma antiga lição: De roubar a pátria E viver no mensalao Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer

    Em 06/02/2012, Ricardo escreveu:

    Falou tudo o que sempre pensei. Roberto Carlos é um coitado, alguém que cantava músicas de amor enquanto os brasileiros eram torturados, alguém que só escreve músicas de amor, um clichê, um fracasso, um ridículo. Um saci pererê taradão que só pensa em buceta o dia todo. Roberto Carlos é um embuste da música brasileira. A maioria das pessoas que tanto o elogia mal conhece as músicas, só tem consideração por ele por ser tratado como "Rei" pela Globo.

    Em 07/10/2012, Yan Gagliardi escreveu:

    Se for assim, então enquanto roubam nosso dinheiro de todo jeito, o povo assiste novela. Culpa dos atores? Ou culpa do povo? Da Globo? Ou de quem assiste?

    Em 30/10/2012, Roberto Carlos escreveu:

    EI DÁ PRA PARAR COM ESSA LENGALENGA??? E DAÍ SE EU APOIEI A DITADURA? APOEIEI SIM E NINGUEM TEM NADA COM ISSO! TAVA GANHANDO UMA GRANA ALTA, TINHA A REDE GLOBO ME BABANDO, ERA UM SUCESSO. ENTÃO PRA QUÊ ME METER COM POLÍTICA??? CADA UM SABE DE SI E VÃO TODOS A MERDA! TANTO OS ESQUERDISTAS COMO OS PUXA-SACOS DE PLANTÃO!!!!

    Em 25/11/2012, Angela da Silva escreveu:

    Cada qual no seu quadrado, concordo em numero e grau com PAULO FRANÇA, SAVIO GOMES e JUSTO ABRITE, sou da opinião que: RELIGIÃO, FUTEBOL e POLITICA não se descute, e quando descutida que se deixem para quem realmente entende e sabe.

    Em 22/02/2013, jacob bittencourt de moraes escreveu:

    Existem cantores com talento e cultura diversas. Evidente que em Chico Buarque o engajamento político caiu como uma luva, Geraldo Vandré idem. Já o Roberto, sem nenhuma intenção de ajudar regime algum cantou o amor...

    Em 03/03/2013, Laninha escreveu:

    Caetano, foi uma das figuras determinantes no segmento artístico que se posicionou contra o regime, no entanto enquanto exilado em Londres, Roberto compôs para ele "Debaixo dos Caracois". Interpretada pelo próprio Caetano, muitos acham que esta obra é de sua autoria e veem a letra como uma forma de protesto. Creio que, principalmente os que desconhecem os fatos, sejam capazes de duvidar que Roberto compôs para Caetano. É lamentável que pessoas deem menos credibilidade as canções de amor. Se foi justamente por falta de amor ao próximo que que a bárbarie predominou o momento ditatorial. Teriam torturado tanta gente alguns dos despresíveis governos militares que atualmente se identificassem com a nova composição de Roberto " esse cara sou eu"? Além de que, Roberto não foi político,mas artista. E para os que o cruscificam taí a corrupção,a fome, a impunidade descruzem os braços como a língua.

  • http://www.diretodaredacao.com/noticia/roberto-carlos-e-a-ditadura

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