Eu tenho sempre a grata satisfação de escrever na Vida Destra. Instrumento de comunicação que abriu, tão generosamente, as portas para que eu pudesse expor minhas ideias e, de alguma forma, contribuir para o aumento crítico daqueles que leem nossos artigos.
Bom, mas agora, como escolher algo para se falar neste período tão conturbado de nossa nação? Assumo que não tenho a verve de Thomas Paine, nem a oratória apaixonada de Patrick Henry.
Alguns discursos proporcionaram grande impacto na história. No dia 20 de janeiro de 1961, por exemplo, John F. Kennedy repercutiu em sua fala a célebre frase: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer por seu país”. Ou podemos relembrar o memorável discurso de Martin Luther King quando ousou sonhar por dias melhores.
Mas, agora, vivemos a era da digitalização pulverizada. Todos escrevem. Todos opinam. Todos conseguem fazer seus pensamentos ganhar um nível de visibilidade jamais visto na história.
Entretanto, estou longe de tornar esse comentário uma crítica, pois, justamente, esse nível de liberdade de opinião é que está transformando a forma de se ver o mundo, por meio de um senso mais aprofundado, para entender as realidades que nos circundam. Desta maneira, no universo midiático, há uma mescla de profusão de achismos com falas verdadeiras, opiniões contundentes com mentiras jogadas como fezes no ventilador e arautos da verdade, que tentam sentenciar o que deve ser pensado como certo e errado; noto que a palavra, simplesmente, virou um amontoado impreciso no valioso processo de comunicação.
Nesse sentido, apesar de todo o incrível poder de se comunicar em um mundo tão dinâmico, a palavra foi banalizada a tal ponto que, alguns irresponsáveis, travestidos de uma coragem conveniente, ousaram dizer que a língua deveria ser mudada para algo que nos convertesse em um enorme melindre linguístico, recheado de rancores e de palavras estranhas. Linguagem do pronome neutro, mais que um óbvio ensaio de dialeto, inventada nas elites intelectuais progressistas, é um atestado de oportunismo para macular o poder de uma língua bem tratada e construída. Idiotizar o Português é uma das formas mais efetivas de conduzir a população ao calabouço cognitivo. Trancafiar o ser humano em uma lógica restrita de comunicação.
Ainda assim, mesmo se eliminarmos absurdos como o “dialeto do pronome neutro”, é preciso considerar também as incontáveis redes sociais, os memes, as frases de lacração, os textões (como este), os especialistas, as pesquisas, as porcentagens, as notícias bombásticas, contendo uma chamada – urgente – a cada dez minutos.
Desse modo, voltamos ao cerne deste artigo: como cativar um grupo para que o sentido de urgência seja captado da melhor forma possível e disputar atenção em um mundo que funciona a base de 140 caracteres?
Há aqueles que sabem a resposta e exercem a palavra de forma brilhante e instintiva (puro talento e carisma), mas há também tantos outros com aguçada consciência que os tornam perigosos instrumentos de manipulação. Tem muito marqueteiro de campanha eleitoral que sabe o que estou falando.
Mas tudo bem… vivemos tempos diferentes, não é mesmo? É maravilhoso saber que a história nos concedeu discursos tão fabulosos, porém, agora, mesmo com as ameaças de empobrecimento da língua, devemos aceitar o que, justamente, foi abordado aqui: a força de milhões falando, gritando, se esforçando para dizer um basta.
Pois, então, que minhas palavras não sejam pretenciosas, muito menos apoteóticas, mas que apenas somem ao glossário gigantesco de vozes dizendo: BASTA!
Basta deste sistema cruel, corruptível, sórdido e bem orquestrado que colocou a nação de joelhos. Basta de “Josés Dirceus” e frases como: “Nós vamos tomar o poder que é diferente de ganhar as eleições”.
Não permitiremos! Tomar significa retirar algo que não lhe pertence e, apesar do ato falho deste senhor, é exatamente isso que eles farão se nós não sairmos de nossas poltronas e defendermos nossa liberdade com todo o amor e vontade para proteger nossas divisas, nossas cores e nossos lares.
Basta aos intocáveis da nação! Basta à verdade fastfood dos grandes grupos de telecomunicação! Basta aos apontadores das virtudes seletivas que defecam regras determinando como devemos agir, portar e falar, modelando uma sociedade com apenas um estrato de pensamento correto.
Basta! Basta! Basta!
Não permitam que pequenos grupos, sustentados por sindicatos e entidades cooptadas, intimidem o brasileiro de bem de sair, às ruas, no dia 7 de setembro. Não recuem! É nosso direito constitucional se manifestar. É nosso direito criticar instituições, pessoas públicas, partidos e tudo aquilo que não esteja de acordo com o progresso de uma nação. O direito de expor opinião é de TODOS. Esquerda e Direita.
Por fim, não à toa, no Hino da Independência do Brasil, palavras de ordem e bravura sintetizam o que precisa estar latente nas veias de cada brasileiro que ama seu país: “ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil”.
*Revisão e correção ortográfica feita pelo professor e linguista Ronaldo Tavares Gomes
Adriano Gilberti, para Vida Destra, 25/08/2021. Sigam-me no Twitter, vamos debater o meu artigo! @adrianogilberti
Crédito da Imagem: Luiz Jacoby @LuizJacoby
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