sexta-feira, 27 de julho de 2012

BLUES - DO SURGIMENTO NO SÉCULO XIX AOS ANOS 50 DO SÉCULO XX


Blues - Do surgimento no século XIX aos anos 50 do século XX


A História

O Blues nasceu como a voz dos escravos dos campos de algodão do sul dos Estados Unidos. Eles cantavam durante os trabalhos nas plantações para aliviar a dureza do trabalho.

Enquanto os negros soltavam suas emoções, os brancos viam o lado prático da coisa. Para os fazendeiros, as work-songs (canções de trabalho) ajudavam a imprimir um ritmo ao trabalho no campo e deixavam os escravos mais alegres. A partir da década de 1860, os spirituals - canções religiosas entoadas pelos negros africanos desde sua chegada à América - sofreram uma mutação fundamental. Além de apelar para Deus, os escravos começaram a curar suas dores de amor através da música. 


O Blues é, também, o lamento do andarilho das estradas, o mesmo que chegou até as cidades, adotou o microfone e a guitarra elétrica. 


Criado no século passado, ele tomou sua forma final somente a partir de 1900. As primeiras gravações datam dos anos 10. Mas o Blues esperaria um pouco mais para florescer graças ao talento de Big Bill Broonzy, Bessie Smith, Muddy Waters, Otis Spann, Bo Diddley, B.B. King, Lowell Fulson, John Lee Hooker, Howlin, Wolf, Sonny Boy Williamson, Memphis Slim e Buddy Guy. 

A transgressão não estava somente na conotação amorosa e sexual das letras do Blues. No formato musical, o estilo também marcou uma ruptura. 

Big Bill Broonzy 

Fugindo da complexidade do Jazz e da rigidez dos eruditos, o Blues nasceu como uma música crua. 

Com uma base harmônica quase simplória, o estilo disseminou-se rapidamente pelo sul dos Estados Unidos. Tocar e cantar o Blues era, teoricamente, simples. Mas o que transformava um mero curioso num verdadeiro bluesman era o sentimento que ele colocava em sua interpretação.

No final do século XIX, a alta taxa de natalidade provocada pela emancipação dos escravos proporcionou outros tipos de trabalho aos negros. Muitos deixaram o campo e partiram para a periferia das grandes cidades do sul, como Chicago, Memphis e a região do Delta do rio Mississipi, nos estados de Arkansas, Tennessee, Alabama, Luisiana e Mississipi, para trabalhar nas primeiras metalúrgicas e refinarias do país ou em canteiros de obras. 

Mas a maior parte deles foi parar nos entrepostos de algodão e tecidos. Esse movimento em direção às cidades do sul atingiu seu pico entre a virada do século XX e o final da primeira Guerra Mundial (1914-1918). 

A formação de guetos foi inevitável. Neles, os negros ralavam, sofriam e também se divertiam. A procura por prazer em prostíbulos, bares e casas de jogo tinha um ponto em comum: a música. Neste ambiente, explodiu a revolução do Blues urbano. 

Quando conseguiam descolar instrumentos musicais, os negros tocavam o banjor, um ancestral do banjo de origem africana, e o fiddle, espécie de violino trazido para os Estados Unidos pelos irlandeses. O violão apareceria logo depois, graças à influência espanhola vinda do México. 

Os primeiros bluesmen profissionais formam uma categoria à parte. Incapacitados para o trabalho manual, cegos e deficientes encontravam na música seu meio de vida. Blind Lemon Jefferson, Blind Willie McTell e outros tantos Blinds (cegos) começaram assim. Também nascia a tradição do músico itinerante de vida na estrada. 


O primeiro Blues a virar disco foi gravado em Nova Iorque pela cantora Mamie Smith, em 1920. 

"Crazy Blues" superou todas as expectativas, vendendo 75 mil cópias por semana. 

Com o sucesso, Mamie voltou ao estúdio três vezes em três semanas e virou febre. 

A partir de 1921, todas as grandes gravadoras americanas passaram a ter suas "race series" (séries da raça), subdivisões que lançavam discos de músicos negros para o consumo da população dos guetos urbanos do sul. 

A primeira onda de sucesso de vendas de discos foi capitaneada por cantoras como Bessie Smith, Geertrude Ma Rainey e Alberta Hunter.

Até a segunda Guerra Mundial (1939-1945), o mais importante celeiro do Blues era a região do Delta do Mississipi. Ali surgiram bluesmen fundamentals como Charlie Patton, Tommy Johnson, Son House, Skip James, Big Joe Williams e o lendário Robert Johnson.

Para alguns historiadores, o que fazia o Blues do Delta ser único era a forte influência africana, com um ritmo sincopado, mascado pelos pés, o uso do falsete nos vocais, repetições de um mesmo acorde e o uso de um truque que viraria uma marca registrada do gênero: o slide.

Deslizando o gargalo de uma garrafa ou um pedaço de osso - mais tarde, tubos de metal também seriam usados - sobre as cordas do violão, o músico conseguia um efeito inédito no instrumento.

Com o início da Segunda Guerra Mundial, o panorama social começou a mudar nos estados do Sul. Graças à entrada de negros nos quadros militares, surge uma promessa de integração racial. Pura ilusão. Encontrando o mesmo cenário na volta para casa, os negros passaram a se isolar cada vez mais em bairros próprios e nasce uma consciência racial que desembocaria nos movimentos pelos direitos civis dos anos 60. 


No mundo da música, o esquecido Blues regional cede espaço para um som nitidamente urbano, marcado pela presença de um novo ingrediente: a guitarra elétrica.

Novas gravadoras abrem suas portas e outros bluesman passam a dominar a cena. Em Memphis, agora a capital da região do Delta do Mississipi, garotos como B. B. King, Elmore James, Sonny Boy Williamson e Howlin' Wolf dão seus primeiros passos. Em Chicago, surge outra leva de gênios. 

B.B.King Lá nasceu a parceria de Muddy Waters e Willie Dixon, que rendeu frutos como os clássicos "Hoochie Coochie Man", "Mannish Boy" e "Rollin' and Tumblin'". A cidade Aina viu surgir Little Walter, Otis Rush, Magic Sam e Buddy Guy.

Enquanto isso, o solitário John Lee Hooker levanta sua voz em Detroit. Cada um à sua maneira, todos deixaram sua marca na história do blues.

Mas os Estados Unidos estavam mudando. Nos anos 50, o rock'n'roll explode, uma célebre frase resume bem essa situação: "O Blues teve um bebê e ele ganhou o nome de rock'n'roll.

A partir desta fase, o estilo criado pelos escravos do sul dos Estados Unidos começou a ser um ingrediente obrigatório na receita de inúmeros cantores e bandas de Rock. De Elvys Presley a Janis Joplin. De Roling Stones, Led Zeppellin a Deep Purple, passando por The Doors, Creedence Clearwater Revival e The Who, todo mundo sofreu alguma influência do blues, culminando com Jimi Hendrix e Eric Clapton, estes em diversas formações de banda ou em carreira solo. 


A Lenda



Apesar de ter sido um dos últimos a aparecer, Robert Johnson foi o maior criador do blues do Delta. E sua vida tornou-se a lenda mais famosa da história do Blues (um exemplo é o filme "A Encruzilhada"). Johnson nasceu em Hazlehurst, Mississipi, fruto de uma relação extra-conjugal de sua mãe, abandonada logo depois por seu pai, um trabalhador rural. Ele seguiu o mesmo caminho do pai e casou-se quando tinha 16 ou 17 anos. Depois da morte de sua mulher, enquanto tentava dar à luz, sua vida mudou completamente. Johnson se entregou ao Blues, primeiro tocando gaita e depois violão. Ele logo começou a viajar pela região do Delta, apresentando-se em todo tipo de lugar.

Quando sua fama começo a crescer, o bluesman sumiu por seis meses. Há quem diga que ele viajou pelo país em busca de seu pai. Mas a lenda conta que, nesta época, Johnson estava fechando seu acordo com o Diabo.

O negócio era simples: em troca de sua alma, Johnson tornar-se-ia o maior bluesman da área. O próprio músico alimentava a lenda, compondo canções como "Crossroads" - em que narra seu "encontro" com o demo numa escruzilhada - e "Devil Blues". De fato, ele gravaria suas músicas logo depois e viveria um breve período de sucesso. Mas Johnson morreu com apenas 24 anos, em 1938. As testemunhas de sua agonia colocaram ainda mais lenha na fogueira. O bluesman teria caído de joelhos, latido e uivado como um cão antes de morrer, seu nenhuma causa aparente. Já os historiadores acreditam que Johnson foi envenenado por um marido traído. Seja como for, o mito eternizou-se. Desde então, Robert Johnson passou a ser venerado por todas as gerações de músicos de Blues. Seus discos são item obrigatório em qualquer coleção do estilo e suas músicas foram regravadas incontáveis vezes.

Ana Peixoto




Blues

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Blues
Guit Blues2.JPG
Informações gerais
Origens estilísticasNegro spiritualsCanções de trabalhofolk
Contexto culturalfinal do século XIX no sul dosEstados Unidos
Instrumentos típicosguitarrapianoharmônicabaixo,bateriavocalsaxofoneTrompete,Trombone
Popularidadegeneralizada desde o início doséculo XX.
Formas derivadasBluegrassJazzRhythm and blues,rock´n´roll
Subgêneros
Boogie-woogie · Classic female blues · Country blues · Delta blues · Blues elétrico · Fife and drum blues · Jump blues · Piano blues
Gêneros de fusão
Blues rock · Jazz blues · Punk blues · Soul blues
Cenas regionais
African bluesBlues britânicoChicago blues,Detroit bluesKansas City bluesLouisiana blues,Memphis bluesPiedmont bluesSt. Louis blues,Swamp bluesTexas bluesWestern blues
Outros tópicos
Músicos de bluesBlues scale
AcousticShuffle.ogg
Exemplo de Blues.
Blues é uma forma musical vocal e/ou instrumental que se fundamenta no uso de notas tocadas ou cantadas numa frequência baixa, com fins expressivos, evitando notas da escala maior, utilizando sempre uma estrutura repetitiva. Nos Estados Unidos surgiu a partir dos cantos de fé religiosa, chamadas spirituals e de outras formas similares, como os cânticos, gritos e canções de trabalho, cantados pelas comunidades dos escravos libertos, com forte raiz estilística na África Ocidental[1]. Suas letras, muitas vezes, incluíam sutis sugestões ou protestos contra a escravidão ou formas de escapar dela.
O blues tem exercido grande influência na música popular ocidental, definindo e influenciando o surgimento da maioria dos estilos musicais como o jazzrhythm and bluesrock and roll e música country, além de ska-rocksteadysoul music e influenciando também na música pop convencional e até na música clássica moderna.
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História do Blues

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