Lula diz que julgamento do mensalão no STF teve 80% de decisão política
Em entrevista a TV portuguesa, ex-presidente negou existência do esquema.
Ele também disse que 'não tem problema' se povo protestar durante a Copa.
Renan RamalhoDo G1, em Brasília
Em uma de suas poucas manifestações públicas após o fim do julgamento do mensalão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que as decisões do Supremo Tribunal Federal no processo foram, em sua maior parte, políticas e não jurídicas. A afirmação foi feita numa entrevista realizada na última sexta (25) à TV portuguesa RTP e publicada neste domingo (27) no site da emissora.
Lula falou sobre o caso quando indagado sobre o impacto do escândalo sobre a campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff e sua própria popularidade. Ele negou a existência do esquema, que segundo o STF, consistiu na compra de apoio político no Congresso no início de seu governo, entre 2003 e 2005.
"O mensalão, o tempo vai se encarregar de provar, que o mensalão, você teve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica", disse. "O que eu acho é que não houve mensalão. Eu também não vou ficar discutindo a decisão da Suprema Corte. Eu só acho que essa história vai ser recontada. É apenas uma questão de tempo, e essa história vai ser recontada para saber o que aconteceu na verdade", afirmou o ex-presidente.
Lula disse que embora haja "companheiros do PT presos", disse que "não se trata de gente da minha confiança". Entre os petistas presos, estão o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, todos quadros históricos do partido fundado por Lula.
Ele também disse que o "processo foi um massacre que visava destruir o PT, e não conseguiram". Na ação penal, Lula não foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República, que não encontrou indícios para acusá-lo de qualquer crime.
O PT sempre negou a existência de distribuição de dinheiro para políticos em troca de votos e alega que os pagamentos eram para honrar dívidas de campanha de partidos aliados não contabilizadas.
Eleições e Copa
Na entrevista, que durou quase 40 minutos, embora questionado, o ex-presidente evitou falar sobre as atuais dificuldades da presidente Dilma Rousseff no governo. Voltou a negar que será candidato do PT e demonstrou convicção de que sua sucessora será reeleita em outubro.
"Ela vai ganhar as eleições, ela vai vencer", afirmou. "Eu vou ser cabo eleitoral da Dilma, eu vou para a rua fazer campanha para a Dilma. Eu não quero cargo político".
Ele também comentou sobre a possibilidade de protestos durante a Copa do Mundo, que poderiam abalar a popularidade de Dilma, como ocorreu em junho do ano passado.
"Deixa o povo ir para a rua, não tem nenhum problema. É um povo indo para a rua protestando e outro povo indo para a rua para ver o jogo [...] O que importa é que nós temos que garantir tranquilidade para os jogadores. Não é em qualquer momento que a gente pode receber no Brasil um Cristiano Ronaldo, um Leonel Messi, um Neymar. Não é em qualquer momento que a gente pode receber essas figuras importantes", disse.
Num dos momentos em que foi mais enfático na entrevista, Lula rebateu críticas relacionadas ao custo da Copa e à deficiência do país em infraestrutura, educação e saúde que motivaram as manifestações de junho do ano passado. Ao enumerar uma série de conquistas do governo petista, explicou que o "povo quer mais".
"Nós não vamos conseguir em 11 e nem 15 anos resolver as mazelas e as responsabilidades de cinco séculos. O dado concreto é que nós conseguimos evoluir de maneira extraordinária", disse. Afirmou também achar "ótimo" o povo querer mais, "porque quanto mais as pessoas reivindicam, mais nós temos que fazer".
Para Lula, não se faz a Copa do Mundo "pensando em dinheiro", referindo-se aos gastos. "A Copa é um encontro de civilizações. É a oportunidade que o Brasil tem de mostrar sua cara, do jeito que o Brasil é, com pobreza, com tudo o que o Brasil tem, mas com beleza também. É hora de o mundo ver o Brasil como é, colocar os pés no chão do Brasil".
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Economia e política internacional
Mais da metade da entrevista focou a situação econômica de Portugal e da União Europeia, ainda em crise. Ao falar sobre a relação comercial entre o Brasil e Portugal, Lula considerou uma "vergonha" o valor das transações entre os dois países, de cerca de 2 bilhões de euros, "muito pouco", segundo ele.
"Eu acho que o Brasil tem que olhar com muito mais carinho para Portugal e Portugal olhar com muito mais carinho para o Brasil", afirmou o ex-presidente, que também lamentou o fato de empresários chineses, e não brasileiros, terem comprado estatais portuguesas privatizadas.
Questionado sobre a atual política externa brasileira, Lula negou que ela tenha deixado o "protagonismo" e uma "visão política global", como sugerido pela entrevistadora.
"A política do governo é a mesma. A Dilma tem a mesma convicção e a mesma força que eu tinha para a política internacional. Acontece que quando a Dilma assumiu a Presidência houve um fortalecimento da crise econômica", justificou, dizendo que a preocupação da presidente passou a ser mais interna.
Em uma de suas poucas manifestações públicas após o fim do julgamento do mensalão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que as decisões do Supremo Tribunal Federal no processo foram, em sua maior parte, políticas e não jurídicas. A afirmação foi feita numa entrevista realizada na última sexta (25) à TV portuguesa RTP e publicada neste domingo (27) no site da emissora.
Lula falou sobre o caso quando indagado sobre o impacto do escândalo sobre a campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff e sua própria popularidade. Ele negou a existência do esquema, que segundo o STF, consistiu na compra de apoio político no Congresso no início de seu governo, entre 2003 e 2005.
"O mensalão, o tempo vai se encarregar de provar, que o mensalão, você teve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica", disse. "O que eu acho é que não houve mensalão. Eu também não vou ficar discutindo a decisão da Suprema Corte. Eu só acho que essa história vai ser recontada. É apenas uma questão de tempo, e essa história vai ser recontada para saber o que aconteceu na verdade", afirmou o ex-presidente.
Lula disse que embora haja "companheiros do PT presos", disse que "não se trata de gente da minha confiança". Entre os petistas presos, estão o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, todos quadros históricos do partido fundado por Lula.
Lula disse que embora haja "companheiros do PT presos", disse que "não se trata de gente da minha confiança". Entre os petistas presos, estão o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, todos quadros históricos do partido fundado por Lula.
Ele também disse que o "processo foi um massacre que visava destruir o PT, e não conseguiram". Na ação penal, Lula não foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República, que não encontrou indícios para acusá-lo de qualquer crime.
O PT sempre negou a existência de distribuição de dinheiro para políticos em troca de votos e alega que os pagamentos eram para honrar dívidas de campanha de partidos aliados não contabilizadas.
Eleições e Copa
Na entrevista, que durou quase 40 minutos, embora questionado, o ex-presidente evitou falar sobre as atuais dificuldades da presidente Dilma Rousseff no governo. Voltou a negar que será candidato do PT e demonstrou convicção de que sua sucessora será reeleita em outubro.
"Ela vai ganhar as eleições, ela vai vencer", afirmou. "Eu vou ser cabo eleitoral da Dilma, eu vou para a rua fazer campanha para a Dilma. Eu não quero cargo político".
Na entrevista, que durou quase 40 minutos, embora questionado, o ex-presidente evitou falar sobre as atuais dificuldades da presidente Dilma Rousseff no governo. Voltou a negar que será candidato do PT e demonstrou convicção de que sua sucessora será reeleita em outubro.
"Ela vai ganhar as eleições, ela vai vencer", afirmou. "Eu vou ser cabo eleitoral da Dilma, eu vou para a rua fazer campanha para a Dilma. Eu não quero cargo político".
Ele também comentou sobre a possibilidade de protestos durante a Copa do Mundo, que poderiam abalar a popularidade de Dilma, como ocorreu em junho do ano passado.
"Deixa o povo ir para a rua, não tem nenhum problema. É um povo indo para a rua protestando e outro povo indo para a rua para ver o jogo [...] O que importa é que nós temos que garantir tranquilidade para os jogadores. Não é em qualquer momento que a gente pode receber no Brasil um Cristiano Ronaldo, um Leonel Messi, um Neymar. Não é em qualquer momento que a gente pode receber essas figuras importantes", disse.
Num dos momentos em que foi mais enfático na entrevista, Lula rebateu críticas relacionadas ao custo da Copa e à deficiência do país em infraestrutura, educação e saúde que motivaram as manifestações de junho do ano passado. Ao enumerar uma série de conquistas do governo petista, explicou que o "povo quer mais".
"Nós não vamos conseguir em 11 e nem 15 anos resolver as mazelas e as responsabilidades de cinco séculos. O dado concreto é que nós conseguimos evoluir de maneira extraordinária", disse. Afirmou também achar "ótimo" o povo querer mais, "porque quanto mais as pessoas reivindicam, mais nós temos que fazer".
Para Lula, não se faz a Copa do Mundo "pensando em dinheiro", referindo-se aos gastos. "A Copa é um encontro de civilizações. É a oportunidade que o Brasil tem de mostrar sua cara, do jeito que o Brasil é, com pobreza, com tudo o que o Brasil tem, mas com beleza também. É hora de o mundo ver o Brasil como é, colocar os pés no chão do Brasil".
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Economia e política internacional
Mais da metade da entrevista focou a situação econômica de Portugal e da União Europeia, ainda em crise. Ao falar sobre a relação comercial entre o Brasil e Portugal, Lula considerou uma "vergonha" o valor das transações entre os dois países, de cerca de 2 bilhões de euros, "muito pouco", segundo ele.
"Eu acho que o Brasil tem que olhar com muito mais carinho para Portugal e Portugal olhar com muito mais carinho para o Brasil", afirmou o ex-presidente, que também lamentou o fato de empresários chineses, e não brasileiros, terem comprado estatais portuguesas privatizadas.
Questionado sobre a atual política externa brasileira, Lula negou que ela tenha deixado o "protagonismo" e uma "visão política global", como sugerido pela entrevistadora.
"A política do governo é a mesma. A Dilma tem a mesma convicção e a mesma força que eu tinha para a política internacional. Acontece que quando a Dilma assumiu a Presidência houve um fortalecimento da crise econômica", justificou, dizendo que a preocupação da presidente passou a ser mais interna.
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