INDEPENDÊNCIA DA BAHIA - 2 DE JULHO: O QUE DESVENDAS?
A História do 2 de Julho nos permite
conhecer a importância da Bahia no movimento de independência do Brasil. Os
fatos que antecederam a retirada definitiva das tropas portuguesas do Brasil,
no DIA 2 DE JULHO DE 1823, são datados desde o
mês de março de 1822, na capital seguido para à região do Recôncavo baiano com
conspirações contra o governo militar que o Brigadeiro Português Luiz Madeira
de Mello estabeleceu na cidade de Salvador com o objetivo irmanar a nação
brasileira com a nação portuguesa sob um único Rei.
O trajeto feito pela brigada que venceu os portugueses foi iniciado no Recôncavo, adentrando os limites da cidade de Salvador e tendo um dos seus momentos mais significativos na História da Independência da Bahia, a batalha de Pirajá travada durante oito horas por 4000 homens, culminando na libertação final das tropas portuguesas.
O trajeto feito pela brigada que venceu os portugueses foi iniciado no Recôncavo, adentrando os limites da cidade de Salvador e tendo um dos seus momentos mais significativos na História da Independência da Bahia, a batalha de Pirajá travada durante oito horas por 4000 homens, culminando na libertação final das tropas portuguesas.
Apesar da importância da
Batalha de Pirajá, poucos a conhecem e não consta no
conteúdo programático cumprido pelas escolas. Além das fontes oficiais que
registram a História da Independência da Bahia, moradores do bairro de Pirajá
contam com orgulho as informações que sabem e algumas iniciativas já foram e
estavam feitas no sentido de sistematizar este patrimônio imaterial, a exemplo
o Projeto Onda Solidária de Inclusão Digital.
Para um melhor entendimento, os
bolsistas do Projeto Onda Solidária de Inclusão Digital foram à Cachoeira-Ba e
fizeram o seguinte registro:
Livro:
História da Bahia
Autor: Luis Henrique Dias Tavares (Prof° titular
de Historia do Brasil da UFBA; Doutor em História) 8ª edição; ed. Ática).
GUERRA PELA
INDEPENDÊNCIA
Movimento pela
Independência do Recôncavo:
Concluída a ocupação militar da cidade de Salvador. O Brigadeiro Português Inácio
Luiz Madeira de Mello e seus comandantes adotaram uma linha de providências
que visava duplamente justificar as decisões que tomaram para posse do
governo das armar e obter apoio político local para manter a Bahia unida a
Portugal. Madeira de Mello divulgou uma proclamação na qual afirmava desejar
“que a harmonia torne a estabelecer-se entre tantos milhares de cidadãos de
uma mesma nação súbditas de um mesmo rei, que só deve considerar-se entre se
como irmão”. Mas estava preparado para uma luta demorada; e para as suas
tropas portuguesas comandados pelo brigadeiro Francisco Joaquim Caneti e que
tinha sido expulsos do Rio de Janeiro por ordem do Principio D.Pedro. Um
número apreciável de famílias abandonaram a cidade. Iam para o Recôncavo:
Santo Amaro, São Francisco do Conde, Cachoeira, Maragogipe,...
Existiriam em abril
várias conspirações contra o governo militar que Madeira de Mello estabeleceria
na cidade de Salvador; algumas tendiam para o reconhecimento da autoridade do
Príncipe Regente D. Pedro. Mas só se definiram entre maio/junho. E nesse
sentido influiu a carta-consulta de 22 de março dos deputados baianos às
Cortes, um documento preparado com o espírito conciliador do parecer da
Comissão Especial dos Negócios do Brasil, mas que, ainda assim, uniu
proprietários, oficiais militares e intelectuais liberais nas mesmas posições
de reconhecimento da regência no Rio de Janeiro e da aceitação da autoridade
do Príncipe D. Pedro. O jornal O Constitucional esclarece: “Defendemos e
havemos de defender a posição de ter o Brazil, hum Centro de Poder
Executivo”. Tentou-se um primeiro pronunciamento na Câmara da cidade de
Salvador. Marcado para 12 de junho, nesse dia as tropas portuguesas
bloquearam as ruas da Misericórdia e a Direita do Palácio, a Praça da Câmara
e todas as vias de acesso; a reunião estava proibida. Dois dias depois (14 de
junho) reuniu-se a Câmara de Santo Amaro. E, com a participação do Ouvidor da
Comarca, Desembargador Antônio José Duarte d’Araújo Gordin, dos vereadoras
João Lourenço de Atayde Seixas, Antônio de Araújo Gomes Junior; Raymundo
Gonçalves Martins, do juiz-de-fora e presidente da Câmara Joaquim José
Pinheiro de Vasconcelos, do procurador da vila Joaquim José Ribeiro Juimones;
de oficiais da milícia, religiosos, advogados, políticos e professore;
decidiu: “ Que haja no Brazil, hum Centro único de Poder Executivo, que este
poder seja exercido por sua Alteza rela, o Príncipe Real” (D.Pedro). A partir
da aprovação dessa resposta a carta-consulta dos deputados baianos ás Cortes
é possível encontra uma seqüência de preparativos para a união da Bahia ao
Príncipe D.Pedro, já então aclamado no Rio de Janeiro Defensor Perpetuo e
Constitucional do Brasil.
A 21 de junho há
uma reunião, proprietários, lavradores, militares, na final inventariam armas
e munição; em 24 de junho concentram-se soldados e oficiais militares sob o
comando dos grandes proprietários e coronéis da milícia José Garcia de Moura
Pinetu e Aragão e Rodrigo Antônio Falcão Brandão. No sitio de Belém, povoado
pouco acima da Vila de Cachoeira. a) O 25 de junho. Foram esses que oficiaram
convocando uma reunião da Câmara. E
reunida às 9 horas da manhã de 25 de junho de 1822, essa câmara indaga
“do povo, e tropa” (...) “se erão contentes que se aclamasse a S.A.R. o sr.
D.Pedro de Alcântara, por Regente Perpétuo Defensor e Protector do Reino
Brazil.” Com a resposta afirmativa, o procurador da vila, Manuel Teixeira de
Freitas jogou o estandarte da Câmara para o povo e a tropa reunida na praça
aparentemente significando que lhes entregava o símbolo do poder. Lavrou-se
uma ata. E estava celebrando Ti Deum na igreja de Nossa Senhora do Rosário
quando a escuna canhoneira pilotada por Madeira de Mello disparou o primeiro
tiro contra a vila; quase ao mesmo tempo, de suas casas alguns portugueses
atiraram nos que passavam. Mas foi somente no dia seguinte que se formou a
Junta Interina, Conciliadora e de Defesa, que se instalou no Hospital São
João de Deus e adotou as suas primeiras decisões de governo: enviar
mensageiros às vilas e povoados para informar-lhes a aclamação do príncipe e
as hostilidades portuguesas já declaradas para a escuna canhoneira; e
organizar forças para deter os tiros da canhoneira e dos portugueses isolados
em suas residências. Aproveitavam uma “velha peça de ferro” para improvisar a
arma com que responderam aos disparos da canhoneira. Também utilizaram
vaívens mandados. E embora fossem precárias, essas armas, serviram e no
entardecer de 28 apareceu uma bandeira branca na canhoneira, que foi tomada e
de onde vieram presos o capitão e 26 soldados.
Nesse junho de 1822, Francisco Carneiro de Campos e José Cardoso
Pereira de Mello abandonaram a Junta Provisória da Bahia, já então virtualmente prisioneira das tropas portuguesa; foram para
o Rio. Pouco antes deles, Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque
deixa a residência dessa Junta e seguiria para Santo Amaro. b) Adesão das
Vilas: A 26 de junho ocorreu a reunião na Câmara da vila de Maragogipe que
decidiu: “no Reino Brazil deve residir hum único centro de poder executivo na
pessoa do príncipe real”.. No dia 29 chegou a Cachoeira, uma delegação das
vilas de São Francisco do Conde e de Santo Amaro, composta do tenente coronel
Felisberto Gomes Carneiro, do major-de-engenharia Antônio Mario da Silva
Torres (um e outro, conspiradores do 03 de novembro) e de Miguel Calmon Du
Pim e Albuquerque. Propuseram que a Junta ampliasse suas atribuições para
transformar em governo militar e civil legitimo em todas as vilas do
Recôncavo.
Em 29 de junho, as
vilas de São Francisco do Conde e de Santo Amaro aclamaram o Príncipe
D.Pedro, Regente Constitucional do Brasil. Por esses dias, Joaquim Pires de
Carvalho e Albuquerque de Ávila Pereira, chamado Santinho, empolou o comando
geral das tropas milicianas. Sucintas, mas incisiva representação de São
Francisco e Santo Amaro pediu em agosto “o estabelecimento de um governo
geral, não só para o recôncavo e comarca da Bahia, mas também para toda a
província”. Queriam um conselho, ao qual “todas as autoridades civis e
militares sem excepção alguma ficarão subordinados”. Interino teve a seguinte composição:
Santo Amaro: Francisco Elisbão Pires de Carvalho
e Albuquerque que seria eleito Presidente do Conselho em 6 de setembro; Cachoeira: Francisco Gomes Bedão
Montizuma, que seria eleito secretario em 6 de setembro; São Francisco do Conde: Desembargador
Antônio José Duarte D’Araújo Gondin; Jaguaribe: Capitão Manuel Gonçalves
Maria Bittencourt; Maragogipe:
Capitão-mor Manuel Silva Souza Coimbra; Inhampube:
Coronel Simão Gomes Ferreira Vellozo; Pedra
Branca: Cônega Manuel Dênde Bus; Abrantes: Miguel Calmon du Pim e
Almeida; Itapicuru: João Dantas
dos Reis Portátil; Valença: Reverendo Theodozio Rios de Castro; Água Fria:
Vigário Francisco José de Miranda Jacobina: Comendador Francisco Ayres de
Almeida; Maraú: Manuel dos Santos Silva; Rio
de Contas: Capitão José Valentim de Souza; Camanu: Reverendo Izidoro
Manuel Mendes; Santarém: Capitão
Pedro Jorge Vilimo; Cairu: Pedro
José de Melo Varjão. Esse conselho exerceu enérgica e constante ação
política, militar e administrativa desde a sua instalação e procurou
manter-se no governo ao longo da campanha militar. Nos seus primeiros dias,
dirigiu-se às Câmaras e exigiu votos de fidelidade e obediência; organizou
batalhões; reuniu e distribuiu armas e munição; e até que o coronel Santinho entregasse o comando dessas forças ao
general Pedro Labatut; o Conselho
interino suscitou as proposições de defesa estabelecidas na Ilha de Itaparica
e nos pontos do Funil, São Roque, Encarnação, Iguape, Saubara e Ponta de
Nossa Senhora.
GUERRA PELA
INDEPENDÊNCIA
Era a Guerra pela Independência do Brasil na Bahia. Ao longo do decurso, há uma primeira fase, na qual as operações de
guerra seguiram iniciativas locais, embora sofra controle geral do Conselho
Interino e comando do Coronel miliciano Santinho, Joaquim pires de Carvalho e
Albuquerque de Ávila Pereira, que seria depois Visconde de Pirajá. E lha numa
segunda fase, essa sob o comando unificado do General Pedro Labatut. Na fase que vai de junho a outubro de
1822, sugiram diversos Batalhões Patrióticos, alguns dos quais se
tornaram conhecidos: Campanha dos “Caçadores de Santo Amaro”, que obedeceu ao
comando do proprietário Capitão Antônio Bittencourt Berenguer César;
“Voluntários da Vila de Argolo; e os voluntários do Príncipe D.Pedro”,
denominado dos Periquitos (por causa da farda), sob comando do Major
Miliciano Castro. Esse batalhão foi posteriormente adestrado ao Exercito e
tornou-se Batalhão dos Caçadores, a ele pertenceu Maria Quitéria.
A esquadra que trouxe Labatut partiu do Rio a 1 de junho; transportava 38 oficiais e 260 soldados. Dirigiu-se, porém para
Alagoas e de Alagoas para Pernambuco, onde Labatut incorporou 250 homens da
tropa de linha, soldados armados e “pagos por trez meses” e oficiais
brasileiros, dos quais é o maior exemplo, o coronel José de Barros Lacerda.
Labatut alcançou a “Fera do Capuame”
em 28 de outubro. Nesse mesmo dia o coronel Santinho reuniu todo o armamento
e tropa para o Engenho Novo de Pirajá e entregou o comando. Em seguida
Labatut dedicou-se à organização e a disciplina do Exercito. E, em tom
sereno, apresentando-se como pacificador, intimou Madeira de Mello. Todavia
descrente de qualquer solução pacifica organizou o Exercito em duas
“Brigadas” colocando a primeira brigada na área de Cabrito – Campinas – Pirajá e a segunda em Armação “avançando
duas léguas de Itapoan”; o Tenente Coronel José Falcão de Gomes Caldera.
Tornou outras providências, principalmente para municias a tropa e suprir o
Tesouro geral do Exercito. Era severo o distante, e inaugurou seu comando com
a disciplina de guerra em que fora educado na Europa. É nessa fase que a
guerra pela Independência do Brasil na Bahia vive alguns dos seus principais
choques bólicos, o mais importante dos quais foi a Batalha de Pirajá. a) A
Batalha de Pirajá: Travou-se na área de Cabrito
– Campinas – Pirajá. Teria durado oito chovas. E movimentou 4000 homens
constituindo-se desde então na mais alta demonstração da resistência
Brasileira ao longo da cansativa, ingrata e merosa campanha militar pela
Independência. Contudo, que sabemos dessas batalhas? Em verdade, muito pouco:
o comunicado de Labatut para o Conselho Interino, data de 9 de novembro, no
qual informe que as forças de Madeira de Mello foram “obrigadas a ceder pelo
valor, o de novo das bravas Tropas Pernambucanas e do Rio de Janeiro, como
também pelos soldados da Legião da Bahia”; a corta ao Ministro José Bonifácio
de Andrade e Silva; e as notícias publicadas nos jornais “Seminário Cívico e
Idade d’Ouro” . Pela escassez e imprecisão dos informes, passou a dar grande
credito à versão de Ladislau dos Santos Títaro, o autor do poema “Paraguaçu”
e a quem se respeita como testemunha ocular da campanha militar pela
Independência, pois exerceu o encargo de registrar em linhas todas as
correspondências do General Labatut.
Nas informações de
Labatut, mas notícias dos jornais portugueses aparecem à tenacidade dos
oficiais e soldados brasileiros, regulares, milicianos e voluntários, e o
erro tático do Coronel Português Francisco José Pereira, que atacou pela esquerda e abriu para Armação
e Boca do Rio, assim enfraquecendo o centro do ataque a Campinas – Pirajá, o
que concedeu ao Tenente Coronel Barros Falcão (Labatut nau participou da
Batalha de Pirajá) uma brecha para a ofensiva.
*Texto reproduzido
na íntegra.
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