SÉRGIO VIEIRA DE MELLO - O HOMEM QUE QUERIA SALVAR O MUNDO
http://www.youtube.com/watch?v=ko360skJA9k&feature=fvst
Hino Nacional Brasileiro
http://www.youtube.com/watch?v=ko360skJA9k&feature=fvst
19 agosto de 2003 foi um dia triste para as Nações Unidas e todos aqueles que acreditam que a paz ea segurança pode ser alcançada através do diálogo e da cooperação internacional. Naquele dia fatídico, Sergio Vieira de Mello e 21 de seus colegas da ONU e associados foram vítimas de um dos primeiros de uma longa série de atos violentos que caracterizaram a guerra do Iraque.
Com o desaparecimento cruel Sergio Vieira de Mello, o mundo perdeu um advogado brilhante e carismático de paz e direitos humanos, mas também um líder incansável e altamente eficaz humanitária. Ele representava o melhor que a ONU poderia oferecer em termos de promoção de soluções multilaterais para muitos dos atuais desafios mundiais crises globais. Ele continua a ser um exemplo para muitos a imitar.
Sua morte brutal provocou uma explosão de simpatia e muitos testemunhos de apreço e alta profundo pesar pela perda prematura. Em reconhecimento desse movimento amplo e para honrar sua memória, perseguir seus ideais e continuar a sua missão inacabada, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello Foundation foi estabelecida em Genebra (Suíça), por iniciativa de um pequeno grupo de colegas, amigos e familiares.
Uma apreciação e uma chamada
"Como eu disse no momento da sua morte trágica, Sergio dedicou sua vida profissional aos valores estabelecidos na Carta das Nações Unidas. Ele nunca hesitou em assumir tarefas difíceis, até mesmo perigosos. Vítimas de conflitos e desastres em todo o mundo veio a conhecê-lo como alguém que entendeu sua situação e sabia como entregar resultados, apesar dos enormes obstáculos. que a eficácia foi sempre combinado com uma graça extraordinária e sensibilidade.
Não podemos aceitar que todo o brilho dele, sua energia, sua devoção à sua equipe e sua lealdade aos ideais das Nações Unidas, têm sido tão abruptamente tirado de nós.
É por esta razão, que eu sinceramente recomendo a você o trabalho desta Fundação que manterá viva entre nós a memória ea visão de Sérgio. "
O ex-secretário das Nações Unidas, Kofi Annan,
http://www.sergiovdmfoundation.org/wcms/
SÉRGIO VIEIRA DE MELLO
PENSAMENTO E MEMÓRIA
http://www.usp.br/svm/
Lições de um guerreiro da paz
Jacques Marcovitch é Professor Titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, e editor deste portal.
Artigo de Jacques Marcovitch, rememora os cinco anos de Sergio Vieira de Mello. Texto para o portal Servio Vieira de Mello, pensamento e memória.
Há cinco anos, em 19 de agosto de 2003, um atentado matou no Iraque o brasileiro Sergio Vieira de Mello, enviado da ONU com a missão de abreviar os conflitos e tentar a restauração de uma nação em pedaços. A rememoração do triste acontecimento será sempre um dever de consciência mundial. O morto deixou a reputação de exemplar construtor da harmonia e dos direitos humanos em vários territórios conflagrados, como Timor Leste, Sudão, Líbano, Chipre e Kosovo.
Nestas missões internacionais ele chamou a atenção pela conquista de resultados, mas também por uma forte personalidade, que se manifestava, sobretudo, na comunicação de opiniões e propósitos. A sua linguagem foi o avesso da demagogia e da ambigüidade tão freqüentes nos discursos do métier. “Os povos em primeiro lugar, não a política”, insistia, sem perder a serenidade. Presidindo uma sessão do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, propôs aos burocratas presentes, usuários contumazes da escrita longa e desnecessária, que alinhassem, “no máximo em três páginas” os elementos de seus sistemas nacionais de proteção. Tinha obstinação pela justa medida e pela clareza. Distinguiu-se como grande inovador na gestão de conflitos e nas práticas da paz.
A Universidade de São Paulo mantém, desde 2004, um portal na Internet em memória do grande brasileiro sacrificado. Em seu conteúdo há muitos documentos que revelam detalhadamente um nítido perfil de estadista e pensador. Aqui lembramos apenas dois escritos de extensão mínima, cujo teor nos dá uma idéia viva de sua dimensão como líder.
Publicado em forma de artigo pelo Institut Universitaire d´Étude du Développement, de Genebra, sob o título Les dix enseignements du Timor, um dos registros apresenta-se no estilo direto que marcaria todos os seus comunicados em outras missões, inclusive como Alto Comissário da ONU. Sergio expõe avanços na construção institucional do Timor Leste, riscos a enfrentar, deveres das Nações Unidas com a organização do novo Estado. Nessa exposição, ausência total de jargões diplomáticos e uma objetividade inusitada na retórica dos formuladores de projetos nacionais.
Sempre advertindo contra a fácil tentação do improviso em administração, ele insiste no desmantelamento por tropas internacionais do que chamou “forças da sombra”. Forças que eram no Timor as milícias clandestinas e depois, em Bagdá, os comandos suicidas que o mataram. Ao defender um adequado recrutamento de recursos humanos aproveitáveis nos tribunais e grupos de polícia, como forma de anular o veneno da incompetência, relata iniciativa marcante de sua gestão, que foi a rigorosa paridade entre homens e mulheres no corpo funcional do novo Estado. É fortemente sublinhada a inércia da comunidade internacional, que muitas vezes retardou o aporte de dotações. Falhas da ONU e dos países membros não são omitidas.
Crítico incansável da organização a que servia, Sergio era também severo no rebater censuras injustas e formuladas sem conhecimento da realidade que ele vivenciava tão intensamente. Foi o caso de artigo publicado no Brasil por um conhecido escritor, a partir de fonte apenas identificada com iniciais, criticando a “intervenção branca no Timor” e apontando como racistas ou corrompidos todos os funcionários da ONU, militares e policiais.
“O seu artigo é uma vergonha e uma covardia”, começa o texto-resposta em forma de carta ao articulista, pontuando todas as realizações e assumindo inteira responsabilidade pelos erros que não puderam ser evitados – exceções definidas como regra pelo articulista e sua fonte.
Sergio lança um desafio para que os acusadores encaminhem provas ao inspetor geral da administração. Invoca o testemunho de José Ramos Horta, Prêmio Nobel da Paz e chanceler da jovem nação, que afirmara ter a ONU realizado no Timor, em pouco mais de um ano, respeitadas as proporções, mais do que se fez na Alemanha e no Japão do pós Segunda Guerra Mundial.
Assim atuou este obstinado guerreiro da paz, usando a palavra como instrumento de persuasão ou de combate. Inscreveu seu nome no panteão dos heróis contemporâneos. Por isso, o brasileiro Sergio Vieira de Mello, receberá para sempre, nos agostos que virão, a grata reverência de toda a humanidade.
Nestas missões internacionais ele chamou a atenção pela conquista de resultados, mas também por uma forte personalidade, que se manifestava, sobretudo, na comunicação de opiniões e propósitos. A sua linguagem foi o avesso da demagogia e da ambigüidade tão freqüentes nos discursos do métier. “Os povos em primeiro lugar, não a política”, insistia, sem perder a serenidade. Presidindo uma sessão do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, propôs aos burocratas presentes, usuários contumazes da escrita longa e desnecessária, que alinhassem, “no máximo em três páginas” os elementos de seus sistemas nacionais de proteção. Tinha obstinação pela justa medida e pela clareza. Distinguiu-se como grande inovador na gestão de conflitos e nas práticas da paz.
A Universidade de São Paulo mantém, desde 2004, um portal na Internet em memória do grande brasileiro sacrificado. Em seu conteúdo há muitos documentos que revelam detalhadamente um nítido perfil de estadista e pensador. Aqui lembramos apenas dois escritos de extensão mínima, cujo teor nos dá uma idéia viva de sua dimensão como líder.
Publicado em forma de artigo pelo Institut Universitaire d´Étude du Développement, de Genebra, sob o título Les dix enseignements du Timor, um dos registros apresenta-se no estilo direto que marcaria todos os seus comunicados em outras missões, inclusive como Alto Comissário da ONU. Sergio expõe avanços na construção institucional do Timor Leste, riscos a enfrentar, deveres das Nações Unidas com a organização do novo Estado. Nessa exposição, ausência total de jargões diplomáticos e uma objetividade inusitada na retórica dos formuladores de projetos nacionais.
Sempre advertindo contra a fácil tentação do improviso em administração, ele insiste no desmantelamento por tropas internacionais do que chamou “forças da sombra”. Forças que eram no Timor as milícias clandestinas e depois, em Bagdá, os comandos suicidas que o mataram. Ao defender um adequado recrutamento de recursos humanos aproveitáveis nos tribunais e grupos de polícia, como forma de anular o veneno da incompetência, relata iniciativa marcante de sua gestão, que foi a rigorosa paridade entre homens e mulheres no corpo funcional do novo Estado. É fortemente sublinhada a inércia da comunidade internacional, que muitas vezes retardou o aporte de dotações. Falhas da ONU e dos países membros não são omitidas.
Crítico incansável da organização a que servia, Sergio era também severo no rebater censuras injustas e formuladas sem conhecimento da realidade que ele vivenciava tão intensamente. Foi o caso de artigo publicado no Brasil por um conhecido escritor, a partir de fonte apenas identificada com iniciais, criticando a “intervenção branca no Timor” e apontando como racistas ou corrompidos todos os funcionários da ONU, militares e policiais.
“O seu artigo é uma vergonha e uma covardia”, começa o texto-resposta em forma de carta ao articulista, pontuando todas as realizações e assumindo inteira responsabilidade pelos erros que não puderam ser evitados – exceções definidas como regra pelo articulista e sua fonte.
Sergio lança um desafio para que os acusadores encaminhem provas ao inspetor geral da administração. Invoca o testemunho de José Ramos Horta, Prêmio Nobel da Paz e chanceler da jovem nação, que afirmara ter a ONU realizado no Timor, em pouco mais de um ano, respeitadas as proporções, mais do que se fez na Alemanha e no Japão do pós Segunda Guerra Mundial.
Assim atuou este obstinado guerreiro da paz, usando a palavra como instrumento de persuasão ou de combate. Inscreveu seu nome no panteão dos heróis contemporâneos. Por isso, o brasileiro Sergio Vieira de Mello, receberá para sempre, nos agostos que virão, a grata reverência de toda a humanidade.
Jacques Marcovitch
Agosto de 2008
Agosto de 2008
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