Caseiro assumido, o ator abre exceções para pedalar em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas
Verdades e mentiras de José Wilker
Em sua casa no jardim botânico, no rio, o ator brinca que tem dez namoradas, uma delas Vera Holtz, desmente o romance com Virgínia Cavendish e conta que seu programa preferido é estar entre seus livros e oito mil filmes
TEXTO MACEDO RODRIGUES FOTOS PAULO JARES
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São 15h de uma sexta-feira e José Wilker recebe a equipe de reportagem deitado no sofá de sua sala, na confortável casa de três andares em que mora, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Mesmo com a chegada do jornalista e do fotógrafo, o ator demora-se alguns instantes para interromper a leitura do livro Por que Ler Borges, de Ana Cecília Olmos, antes de se levantar para os cumprimentos. Com ar sério, grave, abaixa o volume do aparelho de som que tocava um CD do cubano Bola de Nieve e inicia a entrevista com uma revelação. "Atualmente tenho de seis a dez namoradas. Não estou bem certo." Depois, explica a brincadeira: "Entrevista, se você quiser, é para mentir. Você inventa a biografia que desejar, corrompe os fatos da maneira que bem entender. Até porque, se você não inventar, inventam para você". Era tudo o preâmbulo de uma longa reflexão, de quase meia hora, sobre a dificuldade que vem sentindo em reconhecer- se nas reportagens que são publicadas a seu respeito. Sobretudo por conta das "inverdades" que ele diz ver publicadas sobre sua vida pessoal. "Justamente um assunto sobre o qual não falo, porque só diz respeito a mim e às pessoas do meu convívio", comenta, citando como exemplo seu suposto romance com a atriz Virgínia Cavendish. "Uma namorada que inventaram para mim", constata, sorrindo.
Os prazeres de José Wilker: prateleiras abarrotadas de livros, oito mil CDs e oito mil DVDs
Amigos, livros e discos
Wilker fuma um cigarro a cada 15 minutos de conversa. Durante a entrevista, usa com seu tênis All Star meias psicodélicas e diferentes entre si. "É um estilo que estou lançando. Por que as meias têm de ser iguais?", indaga. "Essas meias nem sequer são vendidas aos pares. Elas são vendidas em trio, cada qual diferente das demais. Acho que comprei em Paris no ano passado." Em casa, ele cercou-se das coisas que lhe dão mais prazer: as prateleiras abarrotadas de livros, os cerca de oito mil filmes que tem na cinemateca e o mesmo número de CDs. Tudo à mão para realizar seu programa preferido atualmente, reunir os amigos em casa para ver filmes, ouvir música e conversar. Naquele mesmo dia, ele preparava-se para receber a atriz Vera Holtz e o iluminador Maneco Quinderé, entre outros, para a primeira sessão do seu recém-adquirido aparelho de blu-ray - um sucessor do DVD, com mais qualidade de áudio e imagem. "Pode dizer que estou namorando a Vera Holtz. A gente vai achar muito engraçado. Sobretudo o namorado dela", brinca.
Wilker fuma um cigarro a cada 15 minutos de conversa. Durante a entrevista, usa com seu tênis All Star meias psicodélicas e diferentes entre si. "É um estilo que estou lançando. Por que as meias têm de ser iguais?", indaga. "Essas meias nem sequer são vendidas aos pares. Elas são vendidas em trio, cada qual diferente das demais. Acho que comprei em Paris no ano passado." Em casa, ele cercou-se das coisas que lhe dão mais prazer: as prateleiras abarrotadas de livros, os cerca de oito mil filmes que tem na cinemateca e o mesmo número de CDs. Tudo à mão para realizar seu programa preferido atualmente, reunir os amigos em casa para ver filmes, ouvir música e conversar. Naquele mesmo dia, ele preparava-se para receber a atriz Vera Holtz e o iluminador Maneco Quinderé, entre outros, para a primeira sessão do seu recém-adquirido aparelho de blu-ray - um sucessor do DVD, com mais qualidade de áudio e imagem. "Pode dizer que estou namorando a Vera Holtz. A gente vai achar muito engraçado. Sobretudo o namorado dela", brinca.
"Atualmente tenho de seis a dez namoradas. Não estou bem certo" BRINCA O ATOR |
Lar doce lar
Por conta de seus hábitos, Wilker se define como um sujeito caseiro: "Sou capaz de qualquer baixeza para não sair de casa", admite o dono do bichon frisé chamado Cão. As exceções são as pedaladas em torno da vizinha Lagoa Rodrigo de Freitas. E é com uma ponta de nostalgia que ele lembra os tempos em que a Rede Globo gravava suas novelas na sede da emissora, no bairro em que mora. "Vim morar aqui também por causa desta proximidade. Dava para almoçar em casa nos dias de gravação", relembra. Hoje, o ator lamenta ter que atravessar a cidade para trabalhar. A alternativa de morar na Barra da Tijuca, que diversos atores da Globo adotaram para ficarem mais perto dos estúdios do Projac, nem é cogitada por Wilker. "Acho a Barra um bairro absolutamente inóspito. Jamais moraria ali", comenta ele.
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Em sua casa no jardim botânico, no rio, o ator brinca que tem dez namoradas, uma delas Vera Holtz, desmente o romance com Virgínia Cavendish e conta que seu programa preferido é estar entre seus livros e oito mil filmes
TEXTO MACEDO RODRIGUES FOTOS PAULO JARES
"Sou capaz de qualquer baixeza para não sair de casa"
JOSÉ WILKER
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"É um estilo que estou lançando. Por que as meias têm de ser iguais?", diz ele, sobre as peças coloridas e descoordenadas
Se a ida até os estúdios é um desconforto, o convívio diário com Lázaro Ramos, Susana Vieira, Renata Sorrah, Antonio Fagundes e Wolf Maia, seus colegas na novela Duas Caras, é, segundo Wilker, um imenso prazer. "Nos divertimos muito. São pessoas de muito senso de humor e a gente faz tudo brincando", diz. Além disso, ele tece os maiores elogios ao texto de Aguinaldo Silva. "As novelas, no geral, têm a seguinte trama: alguém quer comer alguém, mas tem uma pessoa que atrapalha. No fim, essa pessoa que atrapalha se dá mal. E a pessoa come quem queria comer. Aguinaldo saiu desse universo, virou o gênero de cabeça para baixo, fazendo uma novela sobre as diversas relações de poder no Brasil, de uma atualidade extraordinária e necessária."
Sem descanso
Terminada Duas Caras, Wilker vai emendar uma segunda novela este ano. Ele estará na próxima trama das sete,Três Irmãs, de Antônio Calmon. O ator explica que não foi forçado a fazer duas novelas seguidas e que esta foi uma opção sua, para no ano que vem ficar livre para dirigir e atuar no filme Giovanni Improtta. Será seu primeiro longa como diretor, cujo roteiro vem sendo escrito por sua filha Mariana, do casamento com a atriz Renée de Vielmond, em parceria com Rafael Dragô. Aos 60 anos, acumulando a rotina de gravações de novela com a pré-produção do filme, além da presidência da Riofilmes e dos seus comentários diários sobre cinema para uma rádio, Wilker diz que não tem nada do que se queixar com seus dias corridos e jamais lhe ocorreu se aposentar. "Como? Se já nasci aposentado? Enquanto estiver vivo, vou estar trabalhando. Não concordo com essa idéia judaico-cristã que o trabalho é uma condenação porque Adão comeu Eva. Tudo o que faço é um prazer e não abro mão da felicidade que esse prazer me proporciona."
http://www.terra.com.br/istoegente/edicoes/452/artigo87315-1.htm |
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