BIN LADEN LEVOU A MELHOR
Leonardo Attuch
A resposta ao 11 de
setembro é a principal causa do declínio do império americano
De
todas as grandes efemérides, nenhuma tem sido tão aguardada como a atual: dez
anos do 11 de setembro. A data que mudou o mundo. O dia em que a Terra parou. O
momento em que toda a humanidade, embasbacada, assistiu ao desmoronamento das
Torres Gêmeas. Não há quem não se lembre do que fazia naquele exato instante.
Nada
foi tão marcante, tão espetacular e tão assustador quanto a imagem de dois
Boeings furando as torres em aço e concreto do World Trade Center, em Nova
York.
Havia,
ali, a percepção de que o mundo não seria o mesmo – como de fato não foi. Uma
década depois, com Osama bin Laden capturado e assassinado pela tropa de elite
do exército americano, qual é o saldo final? Paradoxalmente, o terrorista levou
a melhor. Se o seu objetivo era fragilizar – e, eventualmente, derrubar – o império
americano, ele vem sendo alcançado. Não por seus méritos, mas pela reação
desmedida conduzida pelos Estados Unidos. O colapso financeiro atual, de certa
forma, é reflexo de decisões equivocadas tomadas em resposta ao ataque.
Um
dia depois do atentado, o então presidente Geroge W. Bush convocou o ex-chefe
da CIA George Tenet, dizendo que o Iraque teria que pagar o preço. Nascia ali a
“guerra ao terror” e a teoria dos ataques preventivos. Segundo o economista Joseph Stiglitz, a invasão ao
Iraque, ancorada na maior mentira de todos os tempos – a das armas de
destruição em massa” – custou U$ 4 trilhões aos Estados Unidos. Dinheiro Jogado
fora por um país que tentou se apoderar de riquezas alheias enquanto bin Laden
descansava no Paquistão, um aliado dos Estados Unidos. E como não foi possível
estabilizar o Iraque e furar seus poços , o petróleo foi a U$ 150, precipitando
a crise financeira de 2008, que ainda hoje provoca reflexos.
A
era ush, além de praticamente quebrar os Estados Unidos, fez também com que o
país perdesse seu patrimônio moral. E, ainda que Barack Obama consiga
resgatá-lo, o mundo pós 11 de setembro já não comporta o unilateralismo de um
império.
Há
poucos meses, quando se discutia se o governo americano decretaria ou não a
moratória, havia outro debate subjacente. Os Estados Unidos deveriam ser ou não
a polícia do mundo, impondo a sua pax americana? Aparentemente a conta ficou
pesada demais, mesmo para a nação mais rica do mundo.
O
ônus do império é maior do que seus benefícios.
Osama bin Laden venceu.
Revista Isto è – 14.09.2011.
Ano 35. Nº 2183
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