quinta-feira, 14 de junho de 2012

LEILA DINIZ - 40 ANOS SEM ELA - ENTREVISTA DO PASQUIM


O pessoal da Unibam ficou chocado com a moça do curso de turismo que foi para a aula com um mini vestido, não tão mini assim, como declarou a própria promotora pública que está cuidando do caso e outras alunas que presenciaram o fato, isso em pleno final da primeira década do século XXI,imagina se tivesse conhecido uma mulher chamada Leila Diniz que que quebrou todos os tabus femininos, na segunda metade do século passado. 
Foi a primeira mulher a exibir, com orgulho, a sua barriga, grávida da filha Janaína, quando todas as outras teimavam em cobrí-las.
A dispensar o soutien, a exemplo da feminista Beth Friedman, a lidar com nós homens de igual para igual e dizer: Eu não sou feminista.Eu sou feminina.O erro de nós mulheres é que quando os homens começaram a lutar pelo lazer, nós começamos a lutar pelo trabalho.
É por esse motivo que abrimos esse blog com a célebre entrevista que Leila deu ao Pasquim, logo depois do AI 5, em plena Ditadura Militar, e que desbundou os militares de plantão.


SERGIO CABRAL. Qual é o autor com quem você gosta de trabalhar?

LEILA. Paulo José. Essa é mole de responder.

TARSO DE CASTRO. Seu primeiro filme foi o do Domingos não foi?

LEILA. Todo mundo pensa que, de repente o Domingos botou essa mulherzinha lá pra trabalhar e foi a glória da vida. E realmente o Domingos foi a glória da vida, foi porreta paca fazer o filme. Mas antes eu fiz dois filmes: aquele alucinante “O mundo alegre de Helô” e um da Silvia Piñal, do Alcoriza. Um que fazia a empregadinha. Como é que chama? Do Luiz Alcoriza, aquele cara que foi assistente do Buñuel. O filme era uma (*) incrível. O nome era “Jogo Perigoso”. Tinha dois episódios e eu fazia um deles. Quando Domingos resolveu fazer “Todas As Mulheres do Mundo”, eu já estava existindo mais como atriz.

TARSO. Mas você passou muito tempo sendo a mulherzinha do Domingos, professorinha, etc.

LEILA. Não foi muito tempo, não. Eu comecei com o Domingos lá por 62, fins de 61. Me lembrar de data é (*) pra mim. Eu era professora mas zoneava bastante por aí. Eu conheci o Domingos porque namorava um rapaz de teatro, o Luis Eduardo. Naquela época, ele estava fazendo a peça do Domingos. “Somos Todos do Jardim de Infância”. Eu estava voltando ao namorinho com o Luis Eduardo mas conheci o Domingos e dei aquela decisão. Durante a peça, eu já estava na do Domingos, não é? Daí a gente juntou, teve aquela zorra toda…Porque eu sou solteira, não é? Sou casada (*).b Eu fiquei com o Domingos sendo professora, e ainda estudando porque estava fazendo o clássico à noite. Eu ensinava de dia. Fiquei com o Domingos uns três anos, durante um ano e meio eu ainda era professora, depois já era atriz. Como a gente era muito duro, o Domingos escrevia para a “Manchete”; jornal (*) a quatro, escrevia peças e aquelas coisas, a gente não ganhava dinheiro nenhum e eu ganhava pouco também como professora, então fui fazer anúncio.. Trabalhei numa agência de modelo e fiz figuração de filme pra (*), aqueles filmes americanos todos alucinantes. Ganhava um dinheiro por fora. Não foi através do Domingos. Entrei fazendo ponta em Grande Teatro Tupi, Teatrinho Trol e etc. Puxa! Teatrinho Trol naquela época! Eu acho que estou ficando velha. Bem , aí fiz “Todas as Mulheres do Mundo”; quando a gente fez o filme, já estava separado.

TARSO. Você prefere fazer cinema ou novela de televisão? Porque cinema é meio chato, demorado.

LEILA. Que isso? Você está falando isso pra me provocar ou acha mesmo? Cinema é a glória. Olha, Tarso, às vezes , as pessoas gostam de dizer: isso não tem sentido. Eu gosto pra (*) de fazer novela e de fazer cinema. Pra mim, não tem a menor importância representar Shakespeare, Glória Magadan ou o que quer que for, desde que me divirta e ganhe dinheiro com isso.

JAGUAR. Você acha que teatro é um saco?

LEILA. Acho que teatro é um saco. Mas não posso dizer isso porque nunca fiz um troço porreta em teatro! Só fiz papelzinho, papel pequeno. Eu comecei em teatro. Eu comecei com a Cacilda. Ela veio ao Rio fazer “O preço de um Homem”, o Vaneau fez teste e eu fiz . Foi em 64. Eu vou fazer 5 anos de atriz.

JAGUAR. Com quantos anos você está?

LEILA.Vinte e quatro. Bem: eu entrei com a Cacilda. Quando entrei, eu não manjava muito da coisa. Entrei porque não tinha ninguém. Era muito fácil fazer teste: não tinha mais ninguém concorrendo. Entrei lá muito de alegre, chorava pra (*) em cada ensaio: “Não sei fazer isso, é (*), etc. Entrava em cena morrendo de pavor, mas acho teatro chato: aquela coisa de fazer toda a noite a mesma coisa. O que eu acho bacana em cinema e televisão é isso: eu me divirto muito, trabalhando. Geralmente, faço uma zona incrível onde eu trabalho e trabalho sempre com gente que eu gosto. O meu critério de escolha é esse: eu não escolho por peça, autor, diretor ou papel. Escolho pela patota e pelo que eu gosto. Por exemplo: Fiz um filme de cangaceiro agora e muita gente disse: que é isso Leila, filme de cançago, troço cafona, você é louca. Pois foi a glória da vida. Eu tinha o maior (*) de fazer filme de cangaço. Achei sensacional. Trabalhar com o Domingos, por exemplo, é divertidíssimo. “Todas as Mulheres” foi muito duro. A gente estava separado só um ano, ainda estava naquela fase de xingar: filho da (*), seu cornudo, foi você que foi culpado, não foi, foi você, aquela zorra.

Leila Diniz

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