O prisioneiro Bradley Manning
Ivan
Lessa
Colunista
da BBC Brasil
Soldado americano. Pai, idem. Mãe do País de Gales.
23 anos. 1,57 de altura. Fosse na Brasil teria o apelido de “Tampinha”. Mas é e
foi nos Estados Unidos da América do Norte.
Vocês conhecem. Aquele do Obama no Municipal no
Rio, no Iraque, no Afeganistão e na prisão de Guantánamo, que ele prometeu
fechar e não fechou. Obama não é uma pessoa coerente. Obama nesses seus anos de
mandato não tem uma única frase ou feito memorável. O mesmo não acontece com o
soldado Bradley Manning.
Bradley Manning está preso desde maio do ano
passado em condições dignas daquilo que eles mesmos, americanos, chamavam de
Terceiro Mundo. Por que Bradley Manning está detido no que é chamado lá por
eles de “prisão provisória”? Porque foi o homem que passou para o messiânico
“demônio louro” (se não for uma contradição em termos) Julian Assange 250 mil
comunicados diplomáticos contando, entre eles, com o notório, e mais que
divulgado (conferir no YouTube), vídeo da – não há outra palavra – execução de
oito civis iraquianos, entre os quais duas crianças, por soldados americanos
sob instruções de um helicóptero. Foram-se oito iraquianos de maior idade ao
todo.
A cena, com legendas, foi mostrada pela televisão
britânica num documentário da televisão comercial, a ITV, preparado pelo
esplêndido jornalista e escritor australiano John Pilger. A horripilante
sequência abria o filme. Legendas nas cenas de “combate”, para ficar bem claro.
Lá estão aqueles maneirismos militares a que estamos acostumados, graças ao
cinema e à televisão. Tudo em meio a muita galhofa. Roger, over,
out, copy that e, na ordem vital, ou letal, a sentença vinda dos
ares : “Light 'em all up. Shoot.” (Mais ou menos, “Acendam eles todos.
Atirem.”) Atiraram. Foram acesos os iraquianos e as duas crianças.
Bradley Manning não negou ter sido a fonte do
vazamento. Sofreu a tal sentença provisória que já dura bom tempo. Não sem
antes o porta-voz P.J. Crowley, da secretária de Estado, Hillary Clinton, ter
declarado sabiamente que Manning não fora declarado culpado de crime algum e
que sua prisão era “contraprodutiva e estúpida”. Crowley foi forçado a se
demitir. Claro. Bradley Manning está preso em condições mais que divulgadas,
todas dignas da mais cruenta das ditaduras.
Abaixo, a frio e a seco, o seu dia a dia. Sublinho
que, se alguém conferir no YouTube, verá nos comentários uma vasta proporção a
favor do regime de prisão imposto a Manning.
O soldado americano Bradley Manning, detido em
Quantico, onde está situado também o FBI, sem julgamento ou condenação, não tem
permissão para se exercitar em sua cela durante o dia. Não tem o direito à
posse de coisa alguma.
É proibido de conversar com os guardas seus
carcereiros. A cada cinco minutos, é obrigado a responder se se encontra bem e
em forma. Se voltar a face para a parede durante o sono é prontamente acordado.
Bradley Manning, que, incrivelmente, ainda mantém
um senso de humor, apontou para o fato de que ele poderia, se quisesse, se
injuriar com suas cuecas, no que estas foram de imediato retiradas.
Só lhe são permitidas, por uns poucos minutos,
visitas aos sábados e domingos. O resto da semana são 23 horas por dia de cela.
Recebe ainda uma dose diária de antidepressivos.
O presidente Barack Obama não visitou qualquer
delegacia ou prisão no Rio ou em Brasília. Sua senhora, a primeira-dama
Michelle Obama, lidera uma campanha contra a obesidade entre crianças.
ASSINEM A PETIÇÃO DE BRADLEY MANNING NO SITE
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