SEXTA-FEIRA, JUNHO 08, 2012
"A Psicanálise é, em essência
cura pelo amor.”
Voltando-nos para
nosso próprio mundo mental podemos desvendar enfoques inusitados de nós mesmos,
personagens – alguns assustadores, outros amigáveis-, cenários, imagens,
ideias, lógicas, sentimentos, medos desejos. Frequentemente, um pensamento une
ao outro e então é presumível construir um universo pleno povoado por feitios
de nós mesmos. Todavia, nem todos têm essa facilidade – ou esse prazer.
Há aqueles que optam estar com outras pessoas, adoram falar, participar de
grupos e trocar experiências.
A contrapartida é que pessoas com
facilidade enorme para se perder nas próprias elucubrações, aquelas que em
geral se sentem muito bem acompanhadas quando estão sós, tendem a ser vistas
muitas vezes como solitárias, tristes e até mal-humoradas. Sensato, elas podem
ser tudo isso, mas não necessariamente. Por outro lado, aqueles que têm uma
lita imensa de amigos, pulam de festa em festa e sempre têm compromissos para o
final de semana nem sempre são mais felizes ou menos sozinhos. “Durante grande
parte do tempo vivemos uma solidão acompanhada.”
Eis que vamos, voltamos e logo
permanecemos imóveis, vivemos em círculos, vivenciando os mesmos diálogos,
as mesmas prosódias, enfim, mantemos os estereótipos, a violência, o pré-conceito
e ainda dizemos que somos humanos, é de caráter duvidoso falar tal palavra:
“Humanos”, aqueles que falam muito sempre dizem pouco, mas os que se calam,
sempre têm muito a nós dizer.
Enquanto outros
falam muito, dizem pouco e ainda acham que sabem muito, tolos, certamente sabem
tão pouco de si mesmo e do mundo. O barulho nos conforta, traz uma
segurança lúdica, porque quando tivemos medo de enfrentar nós mesmos, sempre
haverá àquele que não permitirá que venhamos conhecer o silêncio, o vazio que
queima nossa alma.
Obviamente existem extremos. Há
adultos que para os quais permanecer sozinho ou em silêncio por apenas meia
hora é um verdadeiro suplício, é preciso falar qualquer coisa, ainda que sem
importância, desde que seja possível ouvir uma voz; muitos são de tal forma
invadidos por essa agitação que se torna impossível entrar em contato com o
conteúdo interno. Conhecer-se a si mesmo. Também, na outra ponta deste continuum estão
aqueles tão ensimesmados que se refugiam na reclusão absoluta, sem conseguir se
relacionar.
Sem nos atermos aos polos que
caracterizam patologias, podemos pensar que as diferenças entre os seres
humanos são compreensíveis e até bem-vindas.
Na prática, porém, enquanto os
extrovertidos são privilegiados por uma cultura que clama pela exposição, pela
interação, troca, exaltando a capacidade de exteriorizar emoções e palavras, os
calados são vistos muitas vezes como problemáticos. É preciso dar voz
àqueles que muitas vezes preferem calar, pois a pressão social e a
discriminação podem perturbar a estabilidade emocional de pessoas que podem ter
muita a dizer, mas preferem fazê-lo em voz baixa, na presença dos mais
próximos.
Referências: Revista Mente &
Cérebro
Maicon José de Jesus Vijarva
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