sábado, 22 de setembro de 2012

SÍNDROME DO CORAÇÃO PARTIDO OU SÍNDROME DE TAKOTSUBO

Síndrome do Coração Partido ou Síndrome de Takotsubo:

surge nova doença da modernidade

Redação do Diário da Saúde
Síndrome do Coração Partido: surge nova doença da modernidade
[Imagem: Wapcaplet/Wikimedia Commons]
Doença moderna
A Síndrome do Coração Partido continua sendo um mistério para grande parte da comunidade médica em todo o mundo. A síndrome é uma doença recente, que tudo indica ser fruto doestilo da vida moderna. Os primeiros casos foram detectados por pesquisadores japoneses no início dos anos 1990.
O nome técnico da Síndrome do Coração Partido é Cardiomiopatia de Takotsubo. Dois terços dos pacientes são mulheres na faixa pós-menopausa, que passam por eventos fortemente emocionais ou por grande estresse físico.
Parece ataque cardíaco, mas não é
Os sintomas são praticamente os mesmos de um ataque cardíaco. Contudo, o quadro somente se agrava radicalmente em cerca de 20% dos casos, exigindo os mesmos cuidados de emergência que um ataque cardíaco. Nos demais casos, principalmente quanto o atendimento é rápido, todos os pacientes que superam as primeiras 48 horas sobrevivem e têm recuperação total, sem sequelas.
Estes primeiros dados compilados sobre a nova doença são de uma pesquisa conduzida por médicos do The Miriam Hospital (Estados Unidos) e que serão publicados no exemplar de Abril do American Journal of Cardiology.
"Pode ser difícil para os cardiologistas e médicos da emergência diagnosticarem e tratarem de pacientes com síndrome do coração partido. Entretanto, estes dados irão nos ajudar a entender melhor o processo da doença e poderão desempenhar um papel importante no desenvolvimento de melhores estratégias de tratamento," diz o Dr. Richard Regnante, coordenador da pesquisa.
Reação aos hormônios do estresse
Os especialistas acreditam que os sintomas possam surgir pela reação do coração a uma grande liberação de hormônios do estresse, como a adrenalina, fazendo com que uma parte do coração enfraqueça temporariamente ou fique enrijecida (cardiomiopatia), embora o mecanismo exato ainda seja desconhecido.
Entretanto, tudo indica que a síndrome do coração partido é temporária e totalmente reversível.
Origem emocional
Segundo o estudo, 67% dos pacientes foram expostos a algum tipo de estresse físico ou emocional, como notícias ruins sobre um familiar, uma briga doméstica ou acidentes de carro.
"Alguns acreditam que a síndrome é simplesmente uma forma de ataque cardíaco que 'aborta' a si mesmo logo no início e, desta forma, não deixa danos permanentes no músculo cardíaco. Outros afirmam que a síndrome não tem nada a ver com as artérias coronárias e é simplesmente um problema com o músculo do coração," diz Regnante.
Contudo, os pesquisadores também descobriram uma forte correlação entre a síndrome do coração partido e a época do ano, ocorrendo mais na primavera e no verão, enquanto a maioria dos ataques cardíacos ocorre no inverno.
O próximo passo da pesquisa será encontrar pacientes da ainda rara síndrome do coração partido para efetuar um estudo baseado em ultrassonografia cardiovascular, em busca de mais informações sobre mais esta doença da modernidade.

RESUMO
A cardiopatia induzida por estresse (precipitada por estresse emocional), também chamada de balonamento apical transitório do ventrículo esquerdo, síndrome do coração partido e, no Japão, síndrome de takotsubo, é caracterizada pela presença de movimento discinético transitório da parede anterior do ventrículo esquerdo, com acentuação da cinética da base ventricular.
O curso clínico da cardiomiopatia de takotsubo pode se assemelhar ao do infarto agudo do miocárdio, com dor torácica típica e alterações eletrocardiográficas, sendo a cineangiocoronariografia realizada para distinguir as duas condições na fase aguda.
Palavras-chave: Estresse psicológico / complicações, cardiopatias, sindrome de Takotsubo.


CENTRO DE CARDIOLOGIA DO HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS

Síndrome de Takotsubo

A síndrome de Takotsubo, ou síndrome do coração partido, ou cardiomiopatia induzida por estresse, ou cardiomiopatia neurogênica, é definida como disfunção transitória e segmentar do ventrículo esquerdo, na ausência de coronariopatia obstrutiva. Predomina em mulheres (até 95% dos casos), principalmente na pós-menopausa (com idade média entre 60 e 80 anos), sendo que, em menos de 3%, ocorre em pacientes com idade inferior a 50 anos. Pela classificação do American Heart Association (2006), é definida como cardiomiopatia adquirida primária e corresponde a cerca de 1 a 2% dos casos de síndrome coronariana aguda, com incidência, nos Estados Unidos, em torno de 7.000 a 14.000 casos/ano.
Foi descrita por Satoh e col em 1990, no Japão. O nome takotsubo se origina de tako: polvo e tsubo: panela de barro. É um vaso-armadilha para capturar polvo, com base redonda e pescoço estreito.
Cerca de 90% dos pacientes apresentam precordialgia e/ou dispneia, sendo também comum a presença de síncope, arritmias, insuficiência cardíaca (até 20% dos casos), edema agudo de pulmão e/ou choque cardiogênico, que se verifica mais raramente.
Os fatores precipitantes ocorrem em até 80% dos casos, em geral até uma semana antes do início do evento, como:
  • estresse emocional: briga, separação, apresentação em público, prova;

  • estresse físico: doenças, exames (colonoscopia), cirurgias, injúria cerebral aguda, sépsis;

  • desastres naturais: tremores de terra, guerra.
Os critérios mais aceitos para o diagnóstico foram propostos em 2008 (Mayo Clinic) são:
  • Hipocinesia, acinesia ou discinesia transitória de segmentos médios do VE, com ou sem comprometimento apical. Alterações regionais que se estendem além da distribuição coronariana da artéria epicárdica e, frequentemente, com fator precipitante.
  • Ausência de doença arterial coronária ou de evidência de ruptura aguda de placa.
  • Novas alterações ECG (supra ST e/ou inversão de T) ou discreta elevação da troponina (desproporcional ao grau de disfunção VE).
  • Ausência de feocromocitoma ou de miocardite.
    Para o diagnóstico, todos os critérios devem ser satisfeitos.
Na presença de alteração eletrocardiográfica em presença de síndrome neurogênica, deve-se suspeitar de síndrome de Takotsubo e realizar a investigação.
Na fisiopatologia, estão envolvidos:
  • Disfunção miocárdica induzida por catecolaminas cuja dosagem está geralmente elevada na admissão.
    • Ação direta no miócito levando à sobrecarga de cálcio e aumento do consumo de oxigênio miocárdico.
    • Ação indireta por espasmo epicárdico, disfunção microvascular, obstrução dinâmica da via de saída do ventrículo esquerdo, alteração da cascata coagulação e/ou elevação de marcadores de inflamação.
    • Espasmos epicárdicos multicoronários.
    • Disfunção endotelial pelos baixos níveis de estrógeno em mulheres menopausadas.
    Os exames complementares a serem realizados são: eletrocardiograma (as alterações regridem nas primeiras três a quatro semanas), ecocardiograma, dosagem de enzimas cardíacas (o pico de troponina ocorre nas primeiras 24hs) e noradrenalina plasmática (elevada em até 74% dos pacientes), metaiodobenzilguanidina (MIBG), ressonância magnética cardíaca (RMC) e cateterismo cardíaco (não mostra obstrução coronariana significativa).
    O ecocardiograma é o método mais importante para o diagnóstico, e observam-se três formas de apresentação:takotsubo clássico: com hipercinesia basal ventricular e acinesia médio-apical; takotsubo médio-ventricular: com base e ápice ventricular preservados e acinesia porções médias; takotsubo invertido: com hipocinesia apenas da base ventricular.
    O MIBG é um análogo da noradrenalina, de forma que os níveis aumentados de noradrenalina plasmática reduzem a captação de MIBG no neurônio. Pela redução da inervação simpática cardíaca, pode ocorrer alteração da captação até um ano após a apresentação inicial, a despeito da resolução da motilidade ventricular. A RMC permite avaliar a disfunção de ventrículo direito, presente em até 38% dos casos, mostra edema miocárdico (relacionado com a resposta inflamatória mononuclear em até 81% dos casos) e trombo apical (5% dos casos). Em geral, não se observa realce tardio e é útil no diagnóstico diferencial com infarto agudo do miocárdico e miocardite.
    O tratamento deve incluir IECA / BRA até a recuperação da função ventricular; betabloqueador (como carvedilol, labetolol), cujo uso contínuo pode reduzir recorrências; anticoagulação em presença de trombo ventricular e/ou embolia sistêmica.
    As complicações mais comuns são: choque cardiogênico (6,5%), trombo ventricular (3,8%) e insuficiência cardíaca (3,8%).
    Prognóstico é bom, a recuperação completa da função ventricular ocorre em até oito semanas, com mortalidade hospitalar de 1%, sendo que a recorrência ocorre em menos de 10% dos pacientes. A sobrevida a longo prazo é semelhante à população pareada para sexo e idade.
    Para mais informações sobre o Centro de Cardiologia, escreva para centrodecardiologia@hsl.org.br
    Para agendamento de consultas com os médicos do Centro de Cardiologia, ligue para o telefone (11) 3155-0854, de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h ou aos sábados, das 8h às 12h.


    Cardiomiopatia de Takotsubo. Uma Causa Rara de Choque Cardiogênico Simulando Infarto Agudo do Miocárdio

    Cardiomiopatia de Takotsubo é uma causa rara de aneurisma ventricular esquerdo agudo, na ausência de coronariopatia, só assemelhar-se aos do infarto agudo do miocárdio com dor torácica recentemente descrita na literatura mundial. Os sintomas podem típica. A imagem do balonamento ventricular sugestivo de haltere ou “Takotsubo” (dispositivo utilizado no Japão para prender Octopus) é característico desta nova síndrome e usualmente há desaparecimento do movimento discinético até o 18º dia do início dos sintomas, em média.
    Continua...



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