IO DE 2007
Maldita Guerra, Francisco Doratioto
Fruto de quinze anos de pesquisas em arquivos e bibliotecas do Brasil, do Rio da Prata e da Europa conforme nos informa o editor, este livro MALDITA GUERRA, de Francisco Doratioto nos surpreende pelo rigor metodológico e análise histórica.
Fruto de profundos estudos sobre o tema, fugindo de lugares comuns e opinião factual é escrito em linguagm clara, objetiva mas não superficial.
O autor professor universitário e historiador vai fundo nos detalhes e não foge à interpretação dos fatos, mas com rigor histórico, detalhista em números e datas.
Um excelente índice remissivo nos provê de datas, documentos históricos e uma bibliografia extensa nos leva às fontes dos dados citados.
A Guerra do Paraguai episódio de nossa história ainda tem fatos obscuros. Os heróis que nos foram apresentados em nossas aulas de História do Brasil carecem de estudos mais profundos. É o que encontramos neste livro. O autor não se preocupou em preservar mitos e heróis. Foi buscar na análise histórica e nos documentos arquivados no Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai os dados onde podemos confrontar o que aprendemos e o que ele, autor conseguiu garimpar. E nos leva junto nessa viagem.
Uma guerra com as características dessa não apresenta vencedores. Todos perdem. Podemos dizer que a vitória alcançada pelo Império (leia-se governo do Brasil) foi uma meia-vitória visto o alto custo em vidas humanas e também dado o tamanho do estragp financeiro que representou ao governo monárquico, já cambaleante e próximo aos dias finais.
Uma guerra que se alongou por cinco anos, cujo número de mortos nos vários países que se envolveram ainda não foi possível afixar não pode ter ganhadores.
Perdemos todos. O Paraguai que teve sua população dizimada entregue às armas por seu ditador carniceiro e louco, Solano Lòpes. Argentina, Uruguai e Brasil que através da Tríplice Aliança lutaram ensandecidamente, muitas vezes sem nem ao menos saber por quê.
Vultos históricos como Caxias, Osório, Aguirre e outros aparecem na sua real dimensão, isto é figuras humanas com suas hesitações, fraquesas, medos e rompantes. Atitudes que nos foram transmitidas como de heroismo, ufanismo nos chegam agora como impelidos pelos fatos da guerra.
As batalhas de Itororó, Retirada da Laguna e Lomas Valentinas nos chegam como fruto de erros táticos e de estratégia militar e não como aquelas que mostravam nossos bravos comandantes militares, intrépidos e sábios comandantes. Humanos, sim., Humanos demais às vezes é o que percebemos.
Ao final vemos que o Império pagou alto preço pela teimosia e apelo à hombridade que nosso Imperador Pedro II, homem sensível, dedicado às artes e adepto do humanismo quiz levar até às últimas consequências, arcando com o desgaste próprio de atitudes como essa.
Um leitura obrigatória para quem decide conhecer um pouco mais a história nacional recente.
MALDITA GUERRA, Francisco Doratioto, 617pgs.
Companhia das Letras,2002
e.mail do autor: doratioto@hotmail.com
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