“Corri risco de morte”, diz jornalista americano que Lula queria expulsar do país
11 DE AGOSTO DE 2012 | 15:00 | INTERNACIONAL, PESSOAS | DILMA ROUSSEFF, LARRY ROHTER, LULA, PAULO COELHO
Paulo Coelho não só aprovou como escreveu a resenha internacional do livro Brasil em alta – a história de um país transformado, do jornalista americano Larry Rohter, que acaba de ganhar uma versão em português. Ex-correspondente do New York Times no Rio de Janeiro, Larry ficou célebre entre os brasileiros em 2004, quando quase foi expulso do país depois de publicar numa reportagem que a “predileção do presidente Lula (na época) por bebidas fortes estava afetando seu desempenho no gabinete”. Diretamente de Nova York, onde mora atualmente com a mulher, a brasileira, Clotilde Amaral, ele fala — bem ao seu estilo — a época em que morou por aqui. E dá seus pitacos sobre a economia do país e o julgamento do mensalão em entrevista a nossa Época desta semana.
Por que escreveu o livro?
Para o estrangeiro entender melhor por que o Brasil está cada vez mais nas manchetes das páginas financeiras, com um papel importante no cenário mundial. Existe uma curiosidade que acontece aí: como explicar o destaque cada vez maior? Mas, mesmo seguindo políticas sensatas e inteligentes, o país vai sofrer o impacto da crise mundial por causa de políticas erradas, principalmente dos Estados Unidos.
Que balanço faz do governo Dilma?
Acho que ela lidera um governo sério que está enfrentando a crise mundial com inteligência. Tenho um amigo que elogia o jeito de síndica de condomínio que ela tem – ela quer economizar e fica atenta. Não é carismática como o Lula, mas tem qualidades importantes. Sabe aquela música do Edu Lobo? “Não tolero lero lero”. Essa é a Dilma.
Considera-se um jornalista polêmico?
Não tenho medo de ir fundo e investigar as coisas mais pesadas. Até hoje acho que aquela matéria sobre o caso Celso Daniel (prefeito do PT que foi assassinado em Santo André) provocou a ira de alguns políticos importantes do PT e eu corri risco de morte, mas isso para mim é história e o país já está em outra etapa.
O que ficou do episódio com Lula em 2004?
Ele reagiu com o fígado. Foi uma semana difícil, mas passou. As instituições democráticas funcionaram como deveriam e fui poupado da expulsão que o governo buscava. A imprensa brasileira, mesmo não gostando da matéria, defendeu a liberdade de imprensa e eu fui beneficiado por isso. No livro, tenho uma visão equilibrada do governo Lula. O que ele fez foi importantíssimo, tem que dar o mérito devido e o país prosperou.
Tem acompanhado o mensalão?
Não entendo por que demorou sete anos para o julgamento começar. Acho que José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, Marcos Valério fizeram um dano incalculável à democracia brasileira. O PT chegou ao poder prometendo transparência e honestidade, mas, em vez de cumprir a promessa, traiu o povo e implantou o governo mais corrupto na história da República, liderado por um presidente que fingia não ver, não ouvir e não entender nada, inclusive as falcatruas que aconteciam no próprio gabinete dele. Não sei se ele vai escapar ileso do mensalão. No sentido legal, sim, provavelmente. Mas a imagem dele está manchada e ele sabe disso.
O que sente mais falta do Brasil?
O país e seu povo me fascinam, sempre serei um estudioso do Brasil. Diria que Pernambuco tem um lugar especial no meu coração. A música de lá também, como o mangue beat e o forró. Tenho saudade do feijão preto, do bife, do brigadeiro e do pavê. E tem a paçoca; meus filhos amam paçoca.
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